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Festival de Cinema Italiano de São Paulo traz extensa programação dedicada à discussão da mulher

No evento que começa nesta segunda, 21, italianos colocam a diversidade nas telas

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Exatamente um mês depois de sediar (em 20 de outubro) a inauguração da 40.ª Mostra, o Auditório Ibirapuera – Oscar Niemeyer acolhe outro importante evento de cinema. Nesta segunda, 21, recebe o 12.º Festival de Cinema Italiano de São Paulo. A obra inaugural será Veloce come il Vento, Rápido como o Vento, com Stefano Accorsi. Após uma pausa de três dias, o festival recomeçará na quinta, 24, em diversas salas, e aí serão mais 15 filmes, até 1.º. Toda essa programação soma-se ao ciclo dedicado a Marcello Mastroianni, que resgatou, no 20.º aniversário da morte do grande ator, sete de seus clássicos, na semana passada, no MIS.

Uno strepitoso Stefano Accorsi – anuncia o cartaz de Rápido como o Vento. E, na sequência, virão – Eu e Ela, Assolo, In Bice senza Sella, Um Lugar Seguro, O Mundo do Meio, Indivisibili, Senza Lasciare Traccia, A Vida Possível, Io Che Amo Solo Te, Esses Dias, La Pelle Dellorso, A Verdade Está no Céu, A Boa Saída, Os Últimos Serão os Primeiros e Ninguém É Salvo Sozinho. Com o ‘estrondoso’ Accorsi, o festival coloca na tela outras figuras destacadas da atualidade italiana, atores e atrizes como Margherita Buy, Marco Scamarcio e Valeria Golino. Presente em São Paulo, o diretor Roberto Faenza receberá um prêmio de carreira – e também vai exibir o novo longa, La Verità stà in Cielo, sobre um fato da crônica policial que assombra, há mais de 30 anos, o imaginário dos italianos.

Stefano Accorsi. Rápido como o vento no longa de abertura: conflitos familiares Foto: Andrea Pirrello|Divulgação

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Em 1983, a filha de um funcionário do Vaticano desapareceu na saída da escola. Passado todo esse tempo, o destino de Emanuela Orlandi permanece ignorado. O título vem de uma frase que teria sido soprada pelo papa Francisco no ouvido do irmão de Emanuela – “Stà in cielo”, Está no céu. O diretor, que busca a verdade terrena, aponta o dedo acusador. Em entrevista ao Estado, disse que existem documentos que a Sé insiste em manter secretos. Com base no que conseguiu apurar, Faenza encerra sua ficção – que estreou em outubro, na Itália, e faz grande sucesso de público e crítica – com uma versão do que pode ter ocorrido.

Há uma tradição de cinema político italiano na qual Faenza se inscreve com A Verdade Está no Céu. O festival, malgrado a homenagem ao diretor, não busca privilegiar uma tendência. A seleção de títulos, todos inéditos, busca expressar a diversidade da produção atual. Estrearam este ano, nas salas do Brasil, três grandes filmes italianos – as ficções Os Campos Voltarão, de Ermanno Olmi, e Loucas de Alegria, de Paolo Virzi, e o documentário Fogo no Mar, de Gianfranco Rosi. Eis aí uma oportunidade para ampliar esse espectro. Rápido como o Vento, de Matteo Rovere, usa uma disputa de rally para resolver conflitos familiares. Io e Lei, Eu e Ela, de Maria Sole Tognazzi – filha do mítico ator Ugo Tognazzi –, aborda a realidade de um casal de lésbicas. Margherita Buy e Sabrina Ferilli são as intérpretes, e a segunda é considerada talvez o maior mito sexual da Itália contemporânea. Assolo, dirigido e interpretado por Laura Morante, é sobre uma mulher de 50 anos que não desiste de viver. La Vita Possibile, de Ivano De Matteo, com Margherita Buy e Valeria Golino, é sobre atriz que acolhe amiga que foge do marido violento. Se o recorte do Festival Italiano de 2016 privilegia alguma coisa, talvez a discussão da mulher no mundo.