'Faça a Coisa Certa', clássico de Spike Lee, completa 25 anos

O filme foi, e continua sendo, um divisor de águas da consciência negra no cinema

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Estão-se completando 25 anos do lançamento de Faça a Coisa Certa/Do the Right Thing. O filme de Spike Lee foi, e continua sendo, um divisor de águas da consciência negra no cinema. Grandes diretores brancos - Otto Preminger, Martin Ritt - fizeram grandes filmes sobre e contra o racismo. Diretores negros, desde o lendário Arthur Michaux até Gordon Parks, também trataram o assunto e, por volta de 1970, os blaxploitation movies criaram um modelo de cinema que muitas vezes seguia as fórmulas tradicionais de ação e humor de Hollywood, apenas mudando a cor dos protagonistas. No começo dos anos 1960, diante de um filme como Pelo Amor de Ivy, com o jovem Sidney Poitier, os críticos se perguntavam - como é uma love story de negros? Naquela época, a correção política não impunha que se dissesse afro-americanos ou afrodescendentes. E os críticos respondiam - é como Rock Hudson e Doris Day de pele mais escura. Com isso, queriam dizer que os movimentos por direitos civis estavam estabelecendo uma classe média negra que queria se ver representada na tela, e não apenas por meio de histórias violentas de racismo. No Dicionário de Cinema, Jean Tulard faz uma definição sucinta de Spike Lee. Diz que é um realizador negro humorado e sensível às tensões raciais que perduram na 'América'. Gueto, jazz e antissemitismo. É reducionista, mas não despropositado. Faça a Coisa Certa foi um dos representantes dos EUA no Festival de Cannes de 1989. Poderia ter estreado nos cinemas norte-americanos, em 30 de junho, aureolado da Palma de Ouro, mas Wim Wenders, presidente, e Hector Babenco, integrante do júri, preferiram premiar sexo, mentiras e videotape, vendo na obra de estreia de Steven Soderbergh o futuro do cinema.

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