Ettore Scola faz homenagem apaixonada a amigo Federico Fellini

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Por Redação
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Com a inventividade e excelência que lhe são caras, o diretor italiano Ettore Scola faz de "Que Estranho Chamar-Se Federico!" mais do que uma homenagem, uma cinebiografia apaixonada de seu compatriota, colega de trabalho, amigo de vida e mestre Federico Fellini. Um tributo, enfim, que não pretende entender o grande diretor italiano, mas fazer o espectador experimentar um pouco de sua imaginação. Filmando inteiramente no Estúdio 5, da legendária Cinecittá, onde Fellini criou grande parte de sua obra, Scola introduz uma série de elementos do mundo de seu amigo para realizar esta retrospectiva. Das composições de Nino Rota à escolha de um narrador (Vittorio Viviani), aos moldes de "Amarcord", a produção colore a tela com as criações de Fellini. De início, o espectador se depara com o jovem Federico (então com 19 anos) chegando à redação do jornal humorístico romano “Marc’Aurelio”. Reencena-se seu primeiro encontro com o diretor (Sergio Pierattini) e com toda a equipe de redatores do jornal, onde conhecerá o escritor Ruggero Maccari (Emiliano De Martino), que anos mais tarde se tornaria colaborador de Fellini e Scola. É o início de sua vida adulta, quando não apenas escreveu para o jornal, mas atuou como “ghost writer” nas produções de seus colegas e também fez suas primeiras incursões no teatro. Cinco anos mais tarde, seria a vez do próprio Ettore Scola chegar à redação com seu portfólio sob o braço. A amizade entre os dois dá chances para Ettore aprofundar um pouco mais o retrato das manias de Fellini, em especial as noites de insônia, quando os dois percorriam Roma de carro, dando caronas a desconhecidos. Em uma das cenas mais vivazes, entra no automóvel a prostituta Wanda (Antonella Attili), cujo sorriso e desgraças recordam Cabíria, a personagem importalizada pela atriz Giulietta Masina em “Noites de Cabíria”. As encenações são complementadas por imagens de arquivo e depoimentos de época, que reforçam a narrativa de Scola e relembram a própria capacidade de Fellini de reinventar suas memórias, como visto no documentário "Fellini: Sou um Grande Mentiroso" (2003). A montagem final, feita a partir de imagens de obras-primas de Fellini, e o jogo bem-humorado de Scola durante o velório de seu colega (1993), levam a crer que a história está prestes a recomeçar (como em "Satyricon de Fellini"). Uma mensagem, no fim, não para os amantes da obra do grande mestre, mas àqueles que a desconhecem. Um incentivo apaixonado para descobrir quem foi Federico Fellini. (Por Rodrigo Zavala, do Cineweb) * As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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