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ESTREIA-Poesia dá força a 'Sudoeste', que homenageia Clarice Lispector

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Por Redação
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Num cenário com clima de realismo mágico, "Sudoeste", do carioca estreante em longas Eduardo Nunes, demarca um território poético, a partir não só do tom da história, como por meio de uma fotografia em preto e branco que contribui para um clima atemporal, assinada pelo experiente Mauro Pinheiro Jr. O filme estreia apenas no Rio de Janeiro. O jogo com o tempo é, afinal, a mola-mestra da história de Clarice (Simone Spoladore). Numa aldeia decadente, ao lado de uma salina quase extinta, ela nasceu de uma mulher que morreu do parto. Dada como morta, a recém-nascida foi roubada por uma velha misteriosa, tida como bruxa (Léa Garcia). O que essa criança guarda desse convívio com um ambiente transgressor das regras naturais é uma capacidade peculiar: num único dia, ela passa de bebê a velha, num tempo próprio, em descompasso com os demais habitantes do local. Não poderia ser mais apropriado o batismo dessa protagonista, que homenageia a escritora Clarice Lispector e retira inspiração de um traço fundamental de sua obra, esse mistério de situações aparentemente claras como o dia, mas cujo funcionamento encerra uma chave não acessível a todos. O roteiro original é assinado pelo diretor e Guilherme Sarmiento. Participante de festivais, como Gramado e Rio, em 2011, o longa de estreia do premiado curta-metragista Nunes não pavimenta uma estrada direta aos seus espectadores. Mas nada impede que mergulhem na singular poética de suas imagens, bem como nas interpretações reveladoras de suas atrizes, como Simone, Léa e também Dira Paes, num fino acordo de feminilidades complementares. (Por Neusa Barbosa, do Cineweb) * As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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