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Em ‘Philomena’, Steve Coogan cria para si papel dramático

Ator conta como foi deixar passado de comédia para assinar roteiro que concorre ao Oscar 2014

Por Nancy Mills
Atualização:

O ator Steve Coogan é especialista em fazer rir. Pense nos dois filmes Uma Noite no Museu ou em Trovão Tropical. Ainda assim, o riso não é seu único objetivo. “Queria ir além do que faço normalmente, que é divertido, mas limitador. Não sou o primeiro da lista de ninguém para papéis dramáticos”, diz. Isso explica o motivo de o ator ter tido de escrever um papel para si mesmo em Philomena. O feito foi conseguido ao lado de Jeff Pope e, juntos, venceram o prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza e, agora, concorrem no Oscar 2014.

Dirigido por Stephen Frears, Philomena traz Judi Dench no papel principal, uma senhora que resolve buscar o filho que foi tirado dela 50 anos atrás. Coogan é Martin Sixsmith, um ex-jornalista da BBC que se interessa por sua história -- que é baseada em fatos reais.

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“Quatro anos atrás, li um artigo no The Guardian que tinha o título ‘A Igreja Católica vendeu meu filho’. Chorei quando li. Realmente foi algo que me afetou”, lembra. “A foto que acompanhava a notícia era curiosa. Philomena e Martin Sixsmith sorriam, mas a história era perturbadora.” Um dos comediantes mais conhecidos da Inglaterra, o ator de 48 anos sentiu uma conexão pessoal com os fatos que leu.

“Philomena tem aproximadamente a mesma idade que a minha mãe. Tudo isso poderia ter acontecido com ela num universo paralelo. Como tenho ascendência católico-irlandesa, conheço muitas senhoras como Philomena. Senti que poderia abordar aquele mundo com certa segurança.”

A história de Lee começa na Irlanda de 1952, quando Philomena está grávida e solteira. Ela é enviada a um convento para dar à luz, e é forçada a assinar um contrato em que abre mão de tentar conseguir informações sobre o filho depois de ele ser adotado. Tempos depois, a jovem se casa, tem outros filhos, e passa décadas tentando, sem sucesso, reencontrar seu primogênito. As freiras do convento recusam-se a ajudá-la.

Quando Sixsmith ouviu a ideia de Lee, ofereceu-se para ajudá-lo. O projeto cresceu, e dali nasceu o livro homônimo, lançado no País pela editora Verus.

“Não queria contar a história que estava no livro. Meu interesse era a vida das duas pessoas naquela fotografia”, explica Coogan. “Quando os conheci, senti que poderia usá-los para falar de coisas que achava interessante. Eles têm abordagens diferentes da vida.” Coogan descreve Philomena como uma pessoa intuitiva da classe trabalhadora, e Sixmith como um intelectual liberal, uma pessoa cínica. “Obviamente, eu me identifico mais com Martin, apesar de haver uma serenidade em Philomena e no que ela representa que Martin não tem, apesar de todo o seu conhecimento. Esse contraste entre os dois é algo que me intriga”, explica.

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“Também queria abordar o assunto da fé e do secularismo de um modo que não ofendesse ninguém. Muitas pessoas evitam qualquer reflexão sobre a religião porque têm pavor de contrariar alguém.”

 

 

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