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Em Goiás, um festival ‘verde’, mas sem tom professoral

Em sua 18ª edição, o Fica fala de preservação ambiental e de produção de alimentos sem cair no didatismo usual

Por Amilton Pinheiro e GOIÁS
Atualização:

Quando, há 18 anos, o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica) fez sua primeira edição, houve muita resistência, principalmente por parte das pessoas envolvidas com cinema, por acharem que filmes de temáticas ambientais geralmente pecavam pelo didatismo e, algumas vezes, pelo tom panfletário na maneira como abordavam esses assuntos.

O Fica abriu oficialmente a sua 18.ª edição na terça à noite (16), na bela cidade histórica de Goiás, onde nasceu e morreu a poeta Cora Coralina, com a exibição do curta-metragem Rio de Lama, de Tadeu Jungle, sobre o rompimento da barragem da Samarco em Mariana, Minas Gerais. Também começou a mostra competitiva com exibição de 22 filmes entre longas, médias e curtas.

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Segundo a secretaria de Educação, Cultura e Esporte do Estado de Goiás, Raquel Teixeira, o Fica venceu algumas dessas resistências e a cada ano vem atraindo mais pessoas ligadas ao cinema, além de ambientalistas. “Foi um festival que começou de forma tímida e foi ganhando projeção.”

No ano passado o foco do festival foi o problema da utilização dos recursos hídricos e esse ano o tema será sobre a produção sustentável de alimentos no cerrado. “O Brasil é um dos países que mais produzem alimentos. Precisamos conciliar essa produção com a questão da sua sustentabilidade. É sempre bom lembrar que água e alimento são a base para continuidade da humanidade”, diz Raquel.

Além das exibições de filmes, oficinas e debates, o festival reserva parte de sua programação para os fóruns sobre meio ambiente e cinema com convidados nacionais e estrangeiros.

O festival vai realizar uma mostra dedica à animação batizada como O Cinema de Animação e o Meio Ambiente. Um dos convidados será Alê Abreu, diretor do premiado O Menino e o Mundo, que foi exibido e ganhou um dos seus primeiros prêmios no Fica em 2014, até chegar a uma indicação para o Oscar na categoria animação desse ano.

Na mostra competitiva de longas-metragens estão sendo exibidos, entre outros, La Supplication (Voices from Chernobyl), de Pol Cruchten, documentário de Luxemburgo baseado no livro Vozes de Tchernóbil, da escritora russa Svetlana Aleksiévitch, vencedora do Nobel de Literatura de 2015. Ele conta a história dos sobreviventes do acidente nuclear na usina de Chernobyl em 26 de abril de 1986. E também Brasil S/A, de Marcelo Pedroso, um dos vencedores do Festival de Brasília de 2014, que aborda de forma ácida e irônica o modelo de desenvolvimento do País.

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O festival vai terminar no domingo (21) com a entrega dos prêmios, que somam R$ 280 mil para os vencedores nas três categorias (longas, médias e curtas) e com um show da Orquestra Filarmônica de Goiás, com Elba Ramalho e Geraldo Azevedo. / A.P.