Em 'Esquadrão Suicida', Will Smith é o Pistoleiro, que mata por dinheiro

Ator afirma que personagem só dá sinais de humanidade quando está com a fiha

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Por Luiz Carlos Merten / NOVA YORK
Atualização:

Pergunte a Will Smith por que quis fazer Esquadrão Suicida, e ele nem vacila. “For David.” Por causa de David Ayer, o diretor. “David tem uma visão e faz filmes que possuem uma assinatura, mas, principalmente, é essa raridade – um diretor de atores que nos tira da zona de conforto.

Conheço a maioria dos atores com quem ele filmou, já trabalhei com alguns, e, com certeza, reconheço os momentos em que o diretor está presente.” No caso dele, Smith esclarece. “Nunca fiz um bad guy, não por qualquer espécie de preconceito, mas por achar que não conseguiria.

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Por que as pessoas fazem coisas ruins? Pistoleiro (seu personagem) não é nenhuma encarnação do mal, mas faz coisas ruins. David (Ayer) nunca teve minhas dúvidas e me conduziu durante o processo. Entre preparação e filmagem, trabalhamos mais de cinco meses. Foi um dos melhores processos de minha vida.” 

Will Smith conversa com o repórter na garagem do imponente prédio central do Correio dos EUA. A entrada principal é na 8.ª Avenida, o acesso para a garagem é na lateral, na Rua 23. Ali, foi montado um cenário. O astro está descontraído, e cheio de expectativa. “Trabalhar com esse universo das HQs é sempre um risco. A gente faz cinema para atingir todo mundo, mas o fã de HQ tem uma mentalidade particular. Eles amam e odeiam, com intensidade.

Você pode trair um clássico da literatura, e todo mundo vai entender que é cinema. Agora, mexa num fio do cabelo de qualquer super-herói e é encrenca na certa.” Esquadrão Suicida estreia na quinta, dia 4, nos cinemas brasileiros.

Um dia antes, na quarta, 3, a Warner realiza pré-estreia em 863 salas de todo o País. Você já viu muitos filmes de super-heróis, mas nenhum como esse, até porque não é um filme de super-heróis (embora tenha a participação do Batman de Ben Affleck). Esquadrão Suicida é um filme de supervilões, reunindo os bad guys da DC Comics.

O astro conta como se preparou para fazer Pistoleiro. “A parte física nunca teve problema. A questão era o psicológico. Matei a charada ao ler um livro chamado The Anatomy of Motive, de um antigo diretor da CIA que, por cinco anos, estudou a mente de criminosos em série. Esqueci o nome (NR - John Douglas). Você sabia que mulheres não são serial killers?

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Elas são matadoras massivas, não seriais. Tem uma diferença. O livro parte de uma pergunta – por que os caras fazem isso? Simples – porque se sentem bem. “Ah, mas se é só isso posso entender. É só criar uma motivação na minha mente.” Pistoleiro, por exemplo, mata por dinheiro, porque despreza a humanidade, porque tem essa convicção de que o mundo é podre.

Seria um monstro, se não fosse humano, e o que o humaniza é a filha. Aquela garota o impede de ser pior do que é. Sou pai, posso entender isso.” Pai de três filhos, Trey, de 22 anos, já está encaminhado. The trouble são os irmãos Jared e Willow. A garota está com 15 anos e há uns três anos provocou uma revolução na vida de Will Smith.

Com Jada Pinkett Smith ele criou uma fundação para apoiar crianças (e famílias) de todo o mundo. Também tem sido muito ativo na Make-A-Wish Foundation, também voltada ao desenvolvimento da criatividade infantojuvenil. Mas, há três anos, Smith sentiu que estava negligenciando os filhos, e a filha. “Estava preocupado em ser um astro.

Percebi que minha filha estava tendo uma pré-adolescência conturbada e desacelerei. Ela era minha prioridade, como a filha de Pistoleiro é a prioridade dele. Pistoleiro tem um antagonismo com o Batman, porque ele o prendeu em frente da filha. Não importa, para ele, que Batman tenha feito isso porque um minuto antes Pistoleiro estourou a cabeça de alguém...”

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Esquadrão Suicida reúne uma impressionante galeria de vilões (e vilãs). Na trama, estão todos presos – numa cadeia de segurança máxima – e são cooptados por uma oficial da agência de inteligência dos EUA (Viola Davis), que acredita que será possível formar uma força-tarefa dos piores, para que possam fazer o bem. “Esse é o tipo da ideia que, não faz muito tempo, seria impensável, mas daí tivemos Deadpool e o próprio Capitão América – Guerra Civil, com todos aqueles heróis brigando entre si.

Existe hoje mais interesse pela área cinzenta. O mundo nos mostra todo dia que as coisas não são preto e branco. Esquadrão Suicida é o anti-Vingadores.” Entre outros, Jared Leto faz um Coringa excepcional, reinventando o personagem, mas mantendo o alto nível das criações de Jack Nicholson e Heath Ledger.

Cada vez melhor, Margot Robbie rouba a cena por sua dupla criação como a Dra. Harleen Quinn e Arlequina, a mais sexy, despudorada e violenta das vilãs, sempre aprontando com aquele taco de beisebol. “O que é? Fazemos coisas ruins porque somos vilões, né?”, é uma das frases dela. Mas justamente o Coringa e Arlequina são apaixonados, como Pistoleiro, de outra forma, ama a filha e Diablo (Jay Hernandez) é atormentado por haver destruído a família.

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“O filme é pop corn (filme pipoca), mas David (Ayer) é a garantia de um certo nível de complexidade e elegância”, avalia o ator. Sua lista de sucessos é imensa (alguns fracassos, também) e Smith soma aos créditos de ator e produtor o de músico. Ganhou nada menos de quatro Grammys. Além de Esquadrão Suicida, tem para estrear outro filme – Collateral Beauty, de David Frankel. E os filhos? “Vão querer ver Esquadrão Suicida por causa de Margot (Robbie). Jared porque ela é linda, e ele está com os hormônios em ebulição. Willow, porque está naquela fase de se identificar com transgressores. É capaz que nem percebam que estou em cena...”

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