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Efeitos tentam disfarçar origens trash de 'O Lobisomem'

Filme sobre a criatura sobrenatural conta com nomes como Benicio del Toro e Anthony Hopkins no elenco

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Por Redação
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Del Toro é quem interpreta o lobisomem no filme. Foto: Reprodução

 

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SÃO PAULO - Depois de se consagrar no Festival de Cannes, em 2008, com o prêmio de melhor ator por seu retrato de Che Guevara nos dois filme dirigidos por Steven Soderbergh - Che e Che - Parte 2 -, o portorriquenho Benicio Del Toro talvez tenha pensado que precisava se divertir um pouco e resolveu investir num filme trash - não apenas como ator, mas também como produtor.

 

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Se até agora, Del Toro tornou-se famoso por suas habilidades dramáticas - que já lhe renderam um Oscar, em 2001, por Traffic - O Lobisomem, que estreia nesta sexta-feira, 12, prova que nem com um bom elenco se sustenta um filme. Além do portorriquenho, estão na trama Anthony Hopkins (o eterno Hannibal Lecter), Emily Blunt (O Diabo Veste Prada) e Hugo Weaving (da trilogia Matrix). Nenhum deles, no entanto, conta com um personagem minimamente bem escrito ou diálogos bem sacados. O Lobisomem é uma tentativa da Universal retomar o gênero que fez o estúdio famoso - filmes de monstros. O roteiro, aqui assinado por David Self (Estrada para a perdição) e Andrew Kevin Walker (A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça), baseia-se no filme homônimo de 1941. A roupagem de superprodução dada a esta versão não esconde, no entanto, as origens trash da história, em que um sujeito se transforma em lobisomem em noites de lua cheia. O filme começa com a morte de Ben, irmão de Lawrence (Del Toro) e filho de John Talbot (Hopkins). O corpo do rapaz é encontrado com marcas causadas por alguma criatura estranha. Após algumas investigações, Lawrence vai parar num acampamento cigano, onde recebe conselhos de uma idosa, vivida por Geraldine Chaplin (Fale com Ela). Ela é a única que conhece a fundo a lenda dos lobisomens e sabe o que pode detê-los. No entanto, num ataque de uma dessas criaturas, Lawrence é mordido e também recebe a maldição. Não demora muito para que todo o vilarejo, no interior da Inglaterra, onde mora, comece a persegui-lo. "Eu não acho que eles vão te matar, mas vão te culpar", decreta o pai ao filho, com quem nunca, aliás, teve uma relação muito boa. Os problemas da família Talbot datam do passado, quando a mãe se matou e Lawrence, ainda criança, viu seu corpo coberto de sangue. Desde então, por conta de seus sérios problemas emocionais, o pai internou o filho num manicômio. Ainda assim, ele aparentemente se recuperou, tornando-se um ator de sucesso. Lawrence só volta para casa depois de adulto, quando a noiva de Ben, Gwen (Emily Blunt), escreve pedindo ajuda, pois o noivo desapareceu. Quando o ator chega em casa, descobre que o corpo foi encontrado. Apesar do luto, não demora muito para Gwen se interessar pelo ex-futuro cunhado e, mesmo com a maldição que pesa sobre ele, não descartar um envolvimento amoroso. É com essa história pueril, com efeitos especiais desleixados e cenas risíveis que segue o filme dirigido por Joe Johnston (Parque dos Dinossauros 3). O clima sempre soturno e os cenários artificiais procuram criar um clima de conto gótico de terror. Mas a mão pesada do diretor, a falta de qualquer tipo de humor e a canastrice do elenco - mesmo Hopkins, que parece estar no filme apenas para garantir seu cachê - prejudicam a possibilidade de diversão. Como o personagem-título, que esconde sua verdadeira natureza por baixo da aparência de humano normal, o filme é um trash travestido de grande produção. Quando a verdade emerge, pode ser fatal para ambos. (Alysson Oliveira, do Cineweb)

 

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