Edna Savaget, pioneira de programas femininos da TV, ganha documentário e biografia

A apresentadora falava na televisão sobre educação sexual e a condição da mulher na sociedade desde os anos 50

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Por Amilton Pinheiro
Atualização:

Antes mesmo da Marta Suplicy falar sobre educação sexual na televisão, no programa TV Mulher, apresentado por Marília Gabriela e Ney Gonçalves Dias, na Globo, em 1984, a apresentadora, escritora e jornalista Edna Savaget abordava esse assunto em programas como Boa Tarde, em 1957, na TV Tupi, e Sempre Mulher, quando foi chamada para coordenar a grade vespertina da recém-criada emissora Globo, em 1965. “Foi uma mulher importantíssima para a história da televisão brasileira, que falava de assuntos pouco usuais para sua época, que ia de educação sexual, dicas de literatura e de teatro, sobre doenças e como se preservar contra elas, passando pela condição da mulher na sociedade”, conta Emília Silveira, diretora do documentário Silêncio no Estúdio, que resgata o pioneirismo de Edna. O filme deve ser lançado até final deste ano, juntamente com a biografia sobre ela (leia mais ao lado). 

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E não é exagero quando se fala no pioneirismo dessa mulher extraordinária, que foi da primeira turma de Jornalismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1952, e já trabalhava, desde o final dos anos 1940, na Rádio Nacional, apresentando um programa dirigido para as mulheres, Boa Tarde, Madame, e era repórter policial do jornal A Noite. “Eu diria que ela foi uma espécie de pré-feminista do que aconteceria em 1968, quando esse movimento estourou no mundo”, avalia a diretora.

No documentário, Edna insurge nos programas que apresentava contra a mulher que ficava acomodada em casa, esperando se arrumar para que o marido a levasse para algum evento social, quando isso acontecia. “Engraçado que ela falava ‘acorda aí, o nosso papel não é ficar em casa como uma peça decorativa, como uma dondoca’”, revela Emília.

Edna Savaget passou por várias emissoras, inclusive se demitiu de duas ao vivo: da Globo, em 1967, e da Bandeirantes (atual Band), nos anos 1980. Ela foi uma incansável defensora de uma televisão de qualidade.