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'É um milagre', comemora diretora de 'Verão 1993', na corrida pelo Oscar

Carla Simón tem concorrentes como Michael Haneke e Angelina Jolie

Por David Villafranca
Atualização:

LOS ANGELES - Sem esconder seu fascínio e surpresa por estar na corrida ao Oscar, a diretora Carla Simón, de Verão 1993, em cartaz no Brasil, explicou o “milagre” de que é ter seu primeiro longa-metragem como pré-candidato da Espanha para os prêmios da Academia de Hollywood.

Cena do filme 'Verão 1993', de Carla Simón Foto: Supo Mungam Films

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“Tudo o que está acontecendo é um milagre. É um filme muito pequeno e eu na minha vida jamais pensei que estaria aqui falando sobre o Oscar”, confessou Simón (nascida em Barcelona, 1986) durante uma entrevista realizada em Beverly Hills (Los Angeles, EUA).

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A cineasta explicou as dificuldades enfrentadas por um filme para finalmente conseguir esgueirar-se na grande gala do cinema e competir pela estatueta de melhor filme em língua estrangeira, especialmente se você tem pré-candidatos como Michael Haneke na sua frente (Happy End, pela Áustria) ou Angelina Jolie (First They Killed my Father, Camboja).

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“Claro, quando você vê tudo isso, pensa: há quatro dias eu estava na minha cidade filmando ... É tudo muito complicado, mas, bem, ainda assim, é uma aventura”, disse ela sem perder o sorriso. O primeiro filme de Carla Simon é delicado e emocionante, sobre infância, ausência e família, e tem causado sensação por onde passa, ao levar, por exemplo, os prêmios para “melhor primeiro filme” na Berlinale ou no Golden Biznaga em Málaga Verão 1993 será lançado em breve nos Estados Unidos, mas antes de Simon e sua equipe conhecerem em primeira mão a enorme engrenagem que se move em torno de Hollywood e dos Oscars. A diretora disse que não estava ciente do “poder que tem um Oscar” e como isso muda tudo quando seu nome, o de um diretor de debutante, aparece relacionado à maioria dos reconhecimentos importantes da telona. “Era algo ao qual eu jamais havia aspirado na minha vida. Uma experiência muito surreal. E quando foi escolhido (como pré-candidato espanhol) de repente vi como funcionava a questão da bilheteria no fim de semana de estreia. Eu não podia acreditar. Vejo que mesmo as pessoas que não sabem muito sobre o cinema sabem o que significa a palavra Oscar”, comentou. Verão 1993 é um dos 92 filmes apresentados por países de todo o mundo para o Oscar, dos quais haverá uma primeira seleção de nove filmes em meados de dezembro. Centenas de acadêmicos escolhem seis dessas fitas, enquanto um comitê da instituição adiciona mais três à sessão. Finalmente, os cinco filmes finalistas serão anunciados no dia 23 de janeiro, quando todas as candidaturas para o Oscar são conhecidas. Carla Simón admitiu que, em todo esse processo, a sorte influencia muito. Por exemplo, no momento em que seu filme cai na graça ou não de um determinado grupo de acadêmicos. Em Los Angeles, ela participou de projeções oficiais do Verão 1993 com membros da Academia. A Califórnia também não é uma terra completamente nova para Simon, já que em 2008 era estudante de intercâmbio em Santa Bárbara, uma boa cidade em frente ao mar, 150 quilômetros a oeste de Los Angeles.

A diretora também lembrou com risos a sua decepção ao ver pela primeira vez a Calçada da Fama, uma frustração muito comum a quem visita Hollywood: “Você a imagina que é muito glamourosa, mas quando chega lá diz: ‘Eu estava errada. Não pode ser isso’”.

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Quando perguntaram a ela se havia imaginado o que seria desfilar pelo tapete vermelho do Teatro Dolby, Simon revelou que é muito supersticiosa. “Então, eu não imagino, não perdi um minuto para pensar o que seria estar lá. Se acontecer, vou pensar sobre isso, mas, se não, então... Como você cria suas ilusões (...). Eu acho que é uma maneira de lidar com as expectativas”, disse ela.

Carla Simon ainda está perplexa com o fenômeno que envolve Verão 1993, um filme baseado em sua própria infância, mas considerou que talvez seus temas “universais” tenham conseguido se conectar com pessoas de todo o mundo.

“Para mim, uma coisa muito importante são as meninas, que têm aquele magnetismo. Quando você assiste a um filme com crianças que funciona, você dá um valor a ele”, disse.

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Simon argumentou que para alcançar a extrema privacidade e sensibilidade que flutuam em cada cena, as jovens atrizes (Laia Artigas e Paula Robles) e adultos (Bruna Cusí e David Verdaguer) passaram muito tempo juntos representando situações que aconteceram antes ou depois da narração de Verão 1993, como se estivessem brincando.

Finalmente, a diretora disse que se identifica sem problemas com Frida, a personagem que simboliza sua própria vida no filme: “Durante a montagem, houve um momento em que projetamos o filme na minha casa, eu disse: ‘OK, agora eu acho que sinto o que senti quando era pequena. E foi algo muito especial.’” / Tradução de Claudia Bozzo 

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