PUBLICIDADE

Domingos Montagner, em alta nos desfechos da novela ‘Velho Chico’, já prepara sua volta aos cinemas

Ator está voltando às telonas com 'Um Namorado para Minha Mulher', nova comédia de Ingrid Guimarães

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Domingos Montagner ainda nem saiu dos cinemas com Vidas Partidas e já está voltando com Um Namorado para Minha Mulher. E, na TV, Santo voltou, o que repercutiu na audiência, porque havia expectativa quanto ao destino do personagem de Velho Chico. Mas não se pode dizer que Santo tenha catapultado os números. A novela de Luiz Fernando Carvalho, com texto de Benedito Ruy Barbosa, anda aquecida. Na segunda, 22, Camila Pitanga teve a premonição de que ele estava vivo. Na terça, o Santo ressurgiu para ajudar a desatar o nó dos enredos da novela. Foram 34 pontos de audiência e 46% de share em São Paulo, o que tem sido a média do dia da semanas. Num encontro para falar sobre o próximo lançamento do Namorado – dia 1.º, em circuito grande, de 400 salas -, Montagner não se furtou a falar do papel e da experiência em Velho Chico.

“O desaparecimento de Santo é bem coisa de Benedito (o autor). Nas novelas dele, acontece muito isso. O cara desaparece e, na ausência, vão ocorrendo as revelações. O amor de Santo e Tereza, o falso incesto, porque Miguel e Olívia não são irmãos. Santo (e Montagner inventa a palavra) é um personagem ‘crístico’, de Cristo mesmo, sacrificial. Tem um projeto social, tem grandeza, tem palavra. No Brasil atual, acho muito bonito que um personagem desses, ligado à terra, venha restabelecer a honra do compromisso, da palavra. É a contracorrente do que a gente vê todo dia no noticiário.” E como é ser irmão de Irandhyr Santos na ficção? Quem já viu a novela sabe que as cenas de Irandhyr, como Bento, são carregadas de verdade. “Já conhecia Irandhyr, mas não havia trabalhado com ele. Estabelecemos uma relação muito boa. Soube que repercutiu até na família dele – ‘Xente, parecem irmãos de verdade.’ Está sendo um trabalho muito rico, de muito retorno.” E sobre Luiz Fernando, o diretor: “Tive belos papéis em outras novelas, mas o diferencial com ele é o método. Novela é pauleira. Luiz Fernando é artista. Faz tudo no tempo dele. Tem a preparação, o barracão, tão famoso, onde ele reúne a equipe toda. Está sendo uma experiência única.” E Camila (Pitanga)? “A gente tem ideias muito parecidas sobre as coisas que estão acontecendo nesse Brasil. E a gente conversa muito sobre filhos.”

O ator Domingos Montagner tinha 54 anos Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

PUBLICIDADE

São três, os de Domingos. Léo, Dante e Antônio, todos menores. “Então, ainda precisam de você”, diz o repórter. “Eu é que preciso deles!”, retruca Domingos. É paizão dedicado, marido apaixonado (de Luciana Lima, desde 2001). Moram numa casa em Embu. Com páteo? “A casa é pequena, mas o quintal é grande, com cachorro, jardim, tudo o que tem direito”, conta. Quando não está gravando – ou filmando, ou excursionando com a peça Mistero Buffo, Domingos adora a vida doméstica, a leitura. O marido autoritário e ciumento de Vidas Partidas, de Marcos Schechtman, não tem nada a ver com ele, mas, como ator, Domingos procurou entendê-lo. A história é real e se passou no Recife, nos anos 1980. Está na origem da Lei Maria da Penha. “Inspirei-me no personagem real, que é um homem muito complexo, que proclamava a própria inocência e parecia convencido dela.” A violência contra as mulheres é um fato deste Brasil de Sul a Norte. Homens que batem, matam. O marido de Um Namorado para Minha Mulher, a nova comédia de Ingrid Guimarães, com direção de Júlia Rezende, é fraco. Acha que quer se separar – depois, descobre que não –, mas, sem coragem de pedir o divórcio, resolve arranjar um namorado para a mulher, para que ela tome a iniciativa. O marido é Caco Ciocler, chato de doer – o marido, não o ator. “Ai não, no set Ingrid e eu conversávamos que ele é fofo”, comenta a diretora.

Entra em cena Montagner, para ser o ‘namorado’. O filme é remake de uma produção argentina. Mas por que Ingrid Guimarães, rainha das bilheterias do Brasil, quis fazer a versão nacional de um filme argentino? “Porque quero fazer coisas diferentes e é o meu cinema preferido”, a própria Ingrid esclarece. O ‘namorado’ foi construído para Montagner. “Claro que o personagem existe no filme argentino, mas, com a Júlia (a diretora), tomou outra dimensão. Quando me escolheu, ela resolveu que o personagem ia ter um background de circo, como eu, que tenho uma trajetória de malabarista e palhaço.” Essa dimensão circense tem estado presente nas montagens da Cia. La Minima Circo e Teatro, que integra. Mistero Buffo, por exemplo, é um texto de Dario Fo adaptado à linguagem dos palhaços, que o ator adora fazer. Se você acha que, por isso, Montagner tirou de letra o ‘namorado’, engana-se. Ele não o vê de forma muito lisonjeira – “Estabelece com a mulher (Ingrid) uma relação de galã, mas para mim é uma paródia de galã, não um galã de verdade.” Com a novela chegando ao fim – em meados de setembro -, Montagner espera ter um pouco de tempo para se organizar, pensar na próxima peça. Ele tem filme pronto para estrear, mais um – Através da Sombra, terror de Walter Lima Jr. O repórter comenta o lançamento em DVD de De Onde Eu te Vejo, de Luiz Villaça. Montagner forma com Denise Fraga o casal que tenta acertar os ponteiros de novo. É um filme bem escrito, realizado, interpretado. Não fez o sucesso que merecia. "Pois é. Às vezes, o público não quer saber e é pena, porque é um filme bonito", avalia.