'Diplomacia' promove debate entre a razão e a cega obediência

Diretor Volker Schlondorff vai à essência da coisa

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Por Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Certo, o mesmo incidente foi contado em Paris Está em Chamas (1966), de René Clair. A diferença é que, neste, o embate entre o embaixador sueco e o general alemão era apenas pano de fundo para uma série de acontecimentos que tinham lugar nas ruas.

Schlondorff vai à essência da coisa, que é a tarefa de convencimento que Raoul Nordling (André Dussollier) se propõe ao enfrentar o turrão Dietrich von Choltitz (Niels Arestrup). Choltitz havia recebido ordens do Führer para não deixar pedra sobre pedra da capital francesa após a rendição. As 33 seriam dinamitadas, a Notre-Dame viria abaixo, assim com os Invalides, o Louvre, a Torre Eiffel e o Arco do Triunfo. Derrotada, a Alemanha deixaria uma memória de destruição como legado. E Choltitz seria a mão do carrasco a varrer da Terra uma de suas joias - Paris e seus habitantes. 

O foco será esse debate entre quatro paredes. Não a discussão entre a civilização e a barbárie, porque esta não existe, mas entre a racionalidade e o cumprimento cego de ordens irracionais. Para ser persuasivo, Nordling se colocou na posição do iluminista e supôs no alemão um interlocutor possível. O legado civilizatório francês, assimilado pelo sueco, salvou Paris.   

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