Quando foi anunciada a produção da versão norte-americana do excelente Deixa Ela Entrar (2008), do diretor sueco Tomas Alfredson, muita gente considerava de antemão que seria uma produção inferior e que não faria jus ao filme. No entanto, adaptada e dirigida por Matt Reeves (de Cloverfield - Monstro), Deixe-me Entrar pode ser considerada menor, mas dificilmente banal. Baseado em livro do sueco John Ajvide Lindqvist (que assinou o roteiro do filme original), Let The Right One In (algo como "deixe o escolhido entrar"), uma referência à música do inglês Morrissey, Let the Right One Slip In, o novo filme pode ser, à primeira vista, considerado mais uma história de vampiro, temática tão em voga nos cinemas e na TV. Mas trata-se de uma visão tão equivocada quanto simplista. Longe das paixões, sensualidade e violência encontradas nas franquias Crepúsculo, True Blood ou Blade, esta história está mais centrada no lado obscuro do ser humano, ao trabalhar com assuntos densos como assassinato, crise existencial, bullyng e até pedofilia. A sutileza com a qual a dupla Alfredson e Lindqvist conduziu a trama tão soturna é a explicação para seu êxito.