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'Clarisse ou Alguma Coisa Sobre Nós Dois' dialoga com o terror

Longa forma trilogia da morte com filmes anteriores do diretor, 'O Grão' e 'Mãe e Filha'

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Tem gente até agora tentando entender o que ocorreu na sessão de Clarisse ou Alguma Coisa Sobre Nós Dois na Mostra de Tiradentes, no ano passado. Houve uma tempestade na cidade e uma cortina da tenda em que passava o filme se soltou, esvoaçando justamente num momento forte do longa de Petrus Cariry. A ‘interferência’ provocou sustos na plateia. Teve gente que quase morreu de susto.

Virou tema de debate no dia seguinte. Clarisse é um filme muito elaborado, muito construído do diretor. Flerta com o gênero – o terror. Embutido na história – Clarisse viaja para a casa em que o pai está morrendo e se defronta com as lembranças do passado – está o tema da natureza. Mera coincidência que a natureza tenha subvertido o universo lógico criado por Petrus? Para o público que vai ver Clarisse numa sala, não existe a possibilidade de outra interferência. Então por que lembrar o que só ocorreu em Tiradentes?

Sabrina Greve. Banho de sangue lavando as memórias Foto: Iluminura Filmes

Porque Clarisse, de qualquer maneira, depende muito da adesão do público ao seu universo. É um filme de clima. Possui momentos. Coisas ocorrem na casa, impregnada de memória – e da memória do irmão morto. Nesse sentido, Clarisse tem algo a ver com Personal Shopper, de Olivier Assayas, com Kristen Stewart, que também estreou na quinta, 9. Ambos são filmes sobre mulheres que se sentem incompletas. Clarisse/Sabrina Greve está em crise no matrimônio. Como a Maureen de Personal Shopper, ela aspira a ser uma mulher inteira. Para isso precisa superar... O quê? Filho de cineasta – Rosemberg Cariry –, Petrus tem o DNA do cinema no sangue. Justamente o sangue. Há um banho dele em Clarisse. O filme forma com O Grão e Mãe e Filha, filmes anteriores do diretor, uma trilogia – da morte.

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