"Eu acho que esse é o momento. Meu novo filme fala sobre como aproveitar os dias, algo que você não consegue quando dirige um filme”, confessa o diretor em entrevista ao Estado em Londres. Richard Curtis, 56 anos, neozelandês, é responsável por alguns dos mais bem-sucedidos longas do cinema britânico: Quatro Casamentos e um Funeral(1994), Notting Hill (1998) e Simplesmente Amor (2004, com Rodrigo Santoro) foram sucessos comerciais que ele escreveu ou dirigiu. Entretanto, Curtis admitiu que chegou a hora de abandonar o ofício que, em sua opinião, representa “dez mil dias de estresse”.
“Agora, mais velho, eu tenho pensado muito nisso. Eu não sei se vou sentir falta de dirigir filmes na realidade”, diz ele. “Como escritor, você pode mudar uma história até o último momento, mas em filmes você tem às vezes um dia para finalizar uma cena, em vez de um ano para um roteiro. E essa restrição de tempo é muito estressante”, admite, comparando as profissões. Apesar de ter dirigido apenas três filmes em sua carreira, seu impacto comercial no cinema foi massivo – Simplesmente Amor, filme que escreveu e dirigiu em 2003 com U$40 milhões, lucrou U$247 milhões.
Em Questão de Tempo, que estreia sexta no Brasil, Curtis utiliza o artifício da viagem no tempo para contar a história de um jovem rapaz (Domhnall Gleeson) em busca de um verdadeiro amor. Quando seu pai (Bill Nighy) revela que os homens da família têm a habilidade de viajar no tempo, o jovem retorna ao passado para tentar consertar eventos que iriam dar errado, até descobrir que algumas circunstâncias da vida não devem ser desfeitas. “Eu queria que este filme fosse suave, sobre família e amor... Obviamente, não consegui escrever nada mais excitante que isso”, diz ele, às gargalhadas. “Notting Hill e Quatro Casamentos eram sobre amizade e amor e eu queria que este fosse mais sobre família.” Sobre o bom samaritanismo do personagem, ele confessa: “Ele é preocupado em não fazer nada imoral, apesar de que fazer sexo quatro vezes na mesma noite sem mencionar à parceira seja algo meio desonesto”, brinca.