'Boi Neon', de Gabriel Mascaro, é o grande vencedor do Festival do Rio 2015

Ruy Guerra levou o Prêmio Especial do Júri por seu 'Quase Memória'; veja a lista completa dos vencedores

PUBLICIDADE

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

(Atualizada às 22h35)

PUBLICIDADE

RIO - Foram muitos momentos emocionantes na cerimônia de premiação do Festival do Rio, terça-feira à noite, no teatro do BNDES. Houve a homenagem a Carla Camurati, pelos 20 anos de Carlota Joaquina – Princesa do Brasil, que, em 1995, iniciou o processo chamado de ‘retomada do cinema brasileiro’. Carla, a roteirista Melanie Dimantas e o fotógrafo (hoje diretor) Breno Silveira contaram histórias engraçadas de bastidores.

Ao receber o Redentor de melhor documentário do público por Betinho, o diretor Victor Lopes cantou à capela O Bêbado e a Equilibrista, música de Aldir Blanc e João Bosco, que virou hino da anistia. O público fez coro para saudar “a volta do irmão do Henfil”. Foi veemente a fala de Petra Costa, diretora do melhor documentário pelo júri – O Olmo e a Gaivota. Ela pediu o fim das ofensas verbais e físicas contra as mulheres – “sejam doméstica, presidenta ou cineasta”.

E houve a dupla de jovens diretores gaúchos Filipe Matzembacher e Márcio Reolon – ao ganhar o prêmio da Mostra Novos Rumos por Beira-Mar, revelaram que, naquela noite, comemoravam sete anos de namoro. O aplauso caloroso foi uma inequívoca demonstração de apoio à causa da diversidade sexual.

“Aqui se vê o mundo”, foi o lema do 17.º Festival do Rio. O mundo se viu nas telas que projetaram cerca de 250 filmes. Foi um festival mais compacto, um pouco por conta da crise, mas também porque esse já era um desejo dos organizadores. A redução da quantidade não comprometeu a qualidade. E a Première Brasil, abrindo sua janela para o País, continuou sendo a menina dos olhos da seleção.

O Redentor de melhor filme de ficção na Première Brasil de 2015 foi para... Boi Neon, de Gabriel Mascaro, que também recebeu os prêmios de fotografia, roteiro e atriz coadjuvante (Alyne Santana). Embora muito bom, o filme que retrata o universo das vaquejadas e possui cenas ousadas – de sexo e também pelo experimentalismo formal – não era o favorito do repórter.

O melhor filme da Première Brasil deste ano foi Aspirantes, do estreante Ives Rozenfeld, que ganhou três prêmios. Melhor direção (dividido com Anita Rocha da Silveira, de Mate-me Por Favor), melhor atriz coadjuvante (Júlia Bernat, dividida com a garota de Boi Neon) e o absoluto melhor ator, Ariclenes Barroso, que Rozenfeld garimpou no elenco do Teatro Oficina, em São Paulo.

Publicidade

Embora o critério distributivista seja frequente nos júris de premiação, o presidente Walter Carvalho e seus jurados foram mais sensatos ao outorgar os troféus de documentários. Maria Augusta Ramos foi melhor diretora – por Futuro Junho, sobre quatro paulistas que participaram das manifestações antes da Copa do Mundo, no ano passado –, O Olmo e a Gaivota, de Petra Costa, foi melhor filme.

Na categoria ficção, dois cineastas dividiram o prêmio de direção e um terceiro assinou o melhor filme. Para embolar ainda mais, e pegando carona no que dizia Stanley Kubrick – cinema é montagem –, o Redentor de melhor montagem foi para um quarto filme, Campo Grande, de Sandra Kogut. A premiação enfraqueceu-se. O veterano Ruy Guerra ganhou o prêmio especial por Quase Memória, e não pareceu muito entusiasmado. Dois filmes importantes foram esquecidos – A Floresta Que Se Move, de Vinícius Coimbra, e Tudo Que Aprendemos Juntos, de Sérgio Machado

Confira abaixo a lista completa de vencedores.

Première Brasil

MELHOR LONGA-METRAGEM DE FICÇÃO -  BOI NEON, de Gabriel Mascaro

MELHOR LONGA-METRAGEM DE DOC -  OLMO E A GAIVOTA, de Petra Costa

MELHOR CURTA-METRAGEM -  PELE DE PÁSSARO, de Clara Peltier

Publicidade

MELHOR DIRETOR DE FICÇÃO -  Ives Rosenfeld (ASPIRANTES) + Anita Rocha da Silveira (MATE-ME POR FAVOR)

MELHOR DIRETOR DE DOC -  Maria Augusta Ramos (FUTURO JUNHO)

MELHOR ATRIZ - Valentina Herszage (MATE-ME POR FAVOR)

MELHOR ATOR -  Ariclenes Barroso (ASPIRANTES)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE - Julia Bernat (ASPIRANTES) e Alyne Santana (BOI NEON)

MELHOR ATOR COADJUVANTE - Caio Horowicz (CALIFÓRNIA)

MELHOR FOTOGRAFIA - Diego Garcia (BOI NEON)

Publicidade

MELHOR MONTAGEM -  Sérgio Mekler (CAMPO GRANDE)

MELHOR ROTEIRO -  Gabriel Mascaro  (BOI NEON)

PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI - QUASE MEMÓRIA, de Ruy Guerra

NOVOS RUMOS 

MELHOR FILME -  BEIRA-MAR, de Filipe Matzembacher, Marcio Reolon

MELHOR CURTA - OUTUBRO ACABOU, de Karen Akerman, Miguel Seabra Lopes

PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI -  JONAS, de Lô Politi

Publicidade

PRÊMIO FIPRESCI  Júri composto por Christian Petterman, Flávia Guerra e Ricardo Cota

MELHOR LONGA LATINO-AMERICANO - TE PROMETO ANARQUIA, de Julio Hernández Cordón

JURI VOTO POPULAR:

MELHOR LONGA FICÇÃO: Nise - O Coração da Loucura, de Roberto Berliner

MELHOR LONGA DOCUMENTÁRIO:  Betinho - A Esperança Equilibrista, de Victor Lopes

MELHOR CURTA:  Até a China, de Marão

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.