Bill Nighy explica os motivos que o levaram a fazer 'O Exótico Hotel Marigold 2'

Cena em que ele leva Judi Dench na garupa da moto tirou seu sono

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Por Elaine Guerrini
Atualização:

Assim que Bill Nighy chega à suíte do Soho Hotel de Londres, onde a reportagem do Caderno 2 o aguarda para entrevista, o ator de 65 anos não esconde suas idiossincrasias inglesas. O vencedor do Bafta de coadjuvante pela comédia Simplesmente Amor (2003) pede logo o tradicional chá preto, servido com leite. “Além das caixas de chá, quando viajo ao exterior, sempre levo marmite na mala", diz Nighy, referindo-se à pasta feita com extrato de levedura, um alimento popular no Reino Unido.

Seu último destino foi Jaipur, na Índia, país que visitou pela segunda vez (um pouco a contragosto) para rodar O Exótico Hotel Marigold 2. A continuação foi quase uma obrigatoriedade, assim que o primeiro filme sobre a trupe de aposentados, realizado com US$ 10 milhões, arrecadou mais de US$ 135 milhões mundialmente, em 2012. “Se pudesse escolher, nunca visitaria lugares de clima quente. Como todo inglês da minha geração, odeio tirar o paletó. Não fico bem sem ele. Gosto de me sentir seguro e institucionalizado”, conta o ator, rindo.

Com Judi Dench. "Temi derrubá-la da moto e matá-la." Foto: DIVULGAÇÃO

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Nascido em Caterham, no condado de Surrey, onde se formou na Guildford School of Acting, Nighy nunca se imaginou filmando sequências. A franquia Piratas do Caribe não contaria, segundo ele, pelos filmes O Baú da Morte (2006) e No Fim do Mundo (2007) terem sido concebido juntos, rodados um após o outro.

“Revisitar um personagem é uma bênção para um cara como eu, que adora fazer as coisas do mesmo jeito. Odeio surpresas”, afirma, lembrando a sua “rotina maçante” longe dos sets. “Acordo às 10 h e leio a seção esportiva do jornal enquanto tomo café da manhã, sem pressa. Em seguida, saio à caça de novidades na livraria do meu bairro (Mayfair, um dos mais sofisticados de Londres) e termino num coffee shop, tomando café bem devagar. À noite, vejo partida de futebol na TV.”

Ao voltar a Jaipur, o ator pediu para ficar alojado no mesmo hotel da primeira vez, o Rambagh Palace. De preferência, no mesmo quarto, por estar localizado num “canto mais silencioso” do estabelecimento. “Quando viajo, quase sempre a trabalho, fico nos mesmos hotéis por gostar da sensação de familiaridade. Do contrário, fico muito confuso”, diz Nighy, um habitué do hotel L’Ermitage, de Los Angeles, do Le Bristol, de Paris, e do Carlyle, de Nova York. “Costumo incluir uma segunda-feira na hospedagem só para ouvir Woody Allen tocando clarineta no Carlyle. Está aí um cara tão previsível quanto eu.”

Na moto. Uma cena do novo filme, em que o ator pilota uma motocicleta com Judi Dench na garupa, tirou o seu sono. “Como sou péssimo conduzindo o que quer que seja, pensei que pudesse matá-la.” Filmar com Judi, ícone do teatro e do cinema inglês, foi o que motivou Nighy a aceitar o convite do diretor John Madden para o primeiro filme.

E não necessariamente a ousadia da proposta, ao dar aura mais colorida à velhice, colocando em primeiro plano os anseios e os apuros de turma da terceira idade num refúgio na Índia. Na continuação, o personagem de Nighy, Douglas Ainslie, está finalmente livre para viver seu romance com Evelyn (Dench), depois que a esposa azeda e controladora, Jean (Penelope Wilton), resolve voltar à Inglaterra.

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