'Baywatch' é um escracho como nunca se viu

Seth Gordon assina comédia 'ultrajante' e sem medo de ser incorreta; e dublada, é de uma grossura só

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

É uma experiência muito curiosa assistir a Baywatch – S.O.S. Malibu na versão dublada. Após o prólogo, que apresenta rapidamente o personagem de Dwayne Johnson, ex-The Rock, um dos aspirantes a integrar a equipe de salva-vidas é salvo pela garota sexy, que lhe aplica um tranco por trás e ele não resiste.

Tem uma ereção, que, tentando esconder, o leva a prender o membro numa fenda na madeira. Ui! Todo mundo fica discutindo o assunto, junta gente e ninguém quer dar uma ‘mãozinha’ para tirar o cara do apuro. O diálogo, dublado, faz a súmula de todas as denominações para ‘pênis’.

Dwayne. Ao centro: corrida em câmera lenta vem da TV Foto: Paramount

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Nunca houve um episódio assim na antiga série de TV dos anos 1990. Provavelmente nunca houve outra comédia classe A de Hollywood como essa. Nem a série Se Beber não Case foi tão ‘outrageous’, ultrajante. Pode não fazer de Baywatch nenhuma maravilha, mas é algo tão inusitado no cinemão que vale conferir.

Seth Gordon assina a direção. Possui uma extensa folha corrida como produtor de TV. No cinema, dirigiu Uma Ladra sem Limites e Quero Matar Meu Chefe, os dois com Jason Bateman – e o primeiro também com Melissa McCarthy, a gordinha sexy do cinema de ação e humor. Gordon destaca-se pelo simples fato de apostar no politicamente incorreto. Não tem medo de ser grosseiro nem vulgar – com toques de sentimentalismo.

Baywatch fez história na TV ao mostrar grupo de salva-vidas numa praia da Califórnia. O seriado original era estrelado por David Hasselhoff e pela loira siliconada Pamela Anderson, que, na época, com o perdão do trocadilho, era chamada de ‘Barbie com peitos’. Ambos têm participações especiais no filme. De cara, enquanto está sendo apresentado – e o diálogo, em ‘praiês’, além de dublado, é legendado –, Mitch/Dwayne descobre, na ‘sua’ praia, vestígios de drogas. Tem gente querendo... o quê, exatamente? O tema de Baywatch é o capitalismo em ação. Chega a madame latina querendo comprar todo mundo. Bate na porta errada. Da trama também participa – e marombado! – Zac Efron, a quem Mitch chama de mané e galãzinho de musical (High School, com certeza). Ação, humor, machismo – muitos closes de bumbuns das gostosas da praia. E, claro, a moçada corre em câmera lenta em direção à câmera, como no original. Senão, seria qualquer policial, mas não Baywatch. 

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