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Aragão estréia 44.º filme, "Didi Quer ser Criança"

A história se constrói em torno da disputa entre duas fábricas de doces, uma tradicional, e outra aparelhada com alta tecnologia

Por Agencia Estado
Atualização:

Didi quer ser criança e, para dar sustentação ao desejo do trapalhão, cem salas de todo o Brasil passam a exibir, a partir de hoje, o novo filme de Renato Aragão. É um número expressivo, mas aquém da média do artista que já deu as cartas no cinema brasileiro. Alguns dos maiores êxitos nacionais de bilheteria são filmes dos Trapalhões. Com o fracasso de A Luz Azul, houve críticos que consideraram Didi acabado. Ele próprio passou por uma depressão, até perceber que o problema havia sido de distribuição e lançamento. Ao passar na TV, A Luz Azul fez mais de 40% da audiência, na Tela Quente da Globo. E os filmes que fez depois com a Diller Produções ultrapassaram o milhão, chegaram quase aos 2 milhões de espectadores. Para quem quer ser criança, Didi age e pensa como empresário. Ele se desculpa, numa entrevista por telefone, e diz que prefere se concentrar nos problemas da criação. Por isso mesmo, está em lua de mel com Diller Trindade, que também produz os filmes da Xuxa. "Diller é um grande produtor, sério, muito responsável." Há tempos que Renato Aragão vinha pensando em Didi Quer Ser Criança, cuja história tem pontos de contato com a de Quero Ser Grande, comédia de Penny Marshall com Tom Hanks, que a Globo exibiu ontem à tarde. "É verdade, mas não foi inspiração para nós" - o plural engloba os diretores Alexandre e Reynaldo Boury. Artista voltado para as crianças, que gosta de trabalhar para o público infantil, é claro que Didi é devoto de São Cosme e São Damião, os santos que protegem a garotada. "É normal que as crianças queiram crescer e ser adultas, para tomar conta do próprio nariz; o que não é normal é essa desatenção com as crianças e seus santos protetores." Ele fez Didi Quer Ser Criança para reacender a devoção à dupla de santos - que, no filme, são interpretados pelos gêmeos Rafael e Daniel de Castro. Criança é sinônimo de brincadeiras e guloseimas. E assim a história se constrói em torno da disputa entre duas fábricas de doces, uma tradicional - aquela em que Didi trabalha -, a outra aparelhada com alta tecnologia e com um dono sem nenhum escrúpulo para faturar. "Faço filmes para divertir e passar algumas idéias para as crianças, mas sem a intenção de ser didático." Diversão é a palavra-chave para Aragão. Didi Quer Ser Criança é seu 44.º filme. Consagrado na TV, deixou o Ceará pensando em se tornar ator de cinema. Oscarito foi sempre seu modelo, seu ídolo. Didi escreveu a maior parte dos filmes, muitas vezes sozinho. Acha que a televisão é efêmera, só o cinema é eterno. Suas gags são mais elaboradas do que parecem - uma lição que assimilou de Oscarito e de outro grande que também o fascina, Charles Chaplin. Algumas gags divertem, a cantoria é mais reduzida, o que indica, de positivo, que o filme não foi feito para vender CDs. De resto, predominam a ingenuidade e o sentimentalismo - como na cena, que Didi adora, em que ele ensina a dupla de maltrapilhos a rezar para São Cosme e São Damião, sem saber que são os próprios. Didi, o adulto, quer ser criança (e namora a DJ que também se chama Didi). Seu amiguinho ama a mesma Didi e quer ser adulto para ficar com ela. Os desejos realizam-se graças à intervenção divina. Didi Quer Ser Criança é um filme carola não ortodoxo. Amém, diz Renato Aragão.

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