MOSCOU —A sátira A Morte de Stalin, que estava proibida de ser exibida por determinação do Ministério da Cultura da Rússia, estreou na noite desta sexta-feira (horário local) em Moscou em uma sala lotada de espectadores.
O filme britânico criticado por personalidades russas por zombar de dirigentes e símbolos soviéticos estava em cartaz no Pioner, um cinema bem no centro da capital da Rússia, especializado em filmes estrangeiros na versão original.
Dirigido pelo escocês Armando Iannucci, o longa conta, com toques de humor negro, as intrigas entre Nikita Khrushchov, Lavrentiy Beria, Viatcheslav Molotov e outros dirigentes soviéticos após a repentina morte do ditador Josef Stalin. Esta semana, a produção perdeu a permissão de exibição após uma pré-estreia com a presença de importantes membros de um conselho do Ministério da Cultura, entre eles o famoso cineasta Nikita Mikhalkov.
Alguns criticaram o filme por deturpar a história da URSS e manchar a memória dos cidadãos soviéticos que derrotaram o fascismo. O Ministério da Cultura decidiu, então, retirar a liberação, apesar de o chefe da pasta, Vladimir Medinsky, negar que se trate de um ato de censura governamental. O ministro também informou que será feita uma análise jurídica do conteúdo para avaliar se a produção podia ter caráter extremista.
No entanto, ontem à noite, o público encheu o Pioner e muitos opinaram positivamente sobre o filme. Uma dessas pessoas, uma senhora, de 83 anos e que esteve no enterro de Stalin, em 1953, defendeu que o que é exibido de fato aconteceu e criticou a proibição.
No site da Pioner as entradas estão esgotadas até 3 de fevereiro para as duas sessões diárias em que continuará a ser projetando. Outros cinemas de Moscou afirmam ter ingressos disponíveis pela internet, mas a compra não é efetivada, como constatou a Agência Efe.
A Morte de Stalin teve estreia mundial em setembro do ano passado, durante o Festival de Toronto, com a presença do elenco.
Entre as críticas, os comunistas disseram que o filme seria uma "provocação" faltando pouco menos de dois meses para as eleições nas quais o atual presidente, Vladimir Putin, buscará a reeleição.
A imagem de Stalin, que dirigiu com mãos de ferro a URSS durante mais 25 anos, melhorou nos últimos anos e cada vez existem menos russos que consideram que o braço direito de Lênin foi um ditador sanguinário culpado da repressão de milhões de pessoas