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Análise: No Globo de Ouro, todos queremos saber os vencedores, mas queremos ouvir os discursos

Cerimônia será realizada neste domingo, 7, às 23h (horário de Brasília)

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Ainda não se haviam completado duas semanas da posse de Donald Trump, quando Meryl Streep, no Globo de Ouro do ano passado, bateu pesado no presidente eleito, mesmo sem nomeá-lo. Defendeu os imigrantes, e disse que Hollywood, os EUA, ‘são só um bando de gente de outros lugares’.

Elisabeth Moss em cena da série 'The Handmaid's Tale' Foto: George Kraychyk/Hulu/AP

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Foi mais incisiva – acrescentou qual a performance do ano que mais a havia abatido. “A pessoa que pediu para ocupar o posto mais alto do nosso país imitou um jornalista deficiente físico.” Trump retrucou nas redes sociais dizendo que ela, Meryl, é uma atriz superestimada e ela não se intimidou - “Sou a mais superestimada, superpremiada e super-repreendida das atrizes”, voltou à carga.

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Meryl está de novo entre as indicadas para o Globo de Ouro de melhor atriz de drama, e um ano depois o cartaz do presidente Donald Trump com a classe artística não melhorou nem um pouco. Não só com a classe artística. Já tem gente apostando a data em que ele sofrerá impeachment, as revistas investigam a cabeça do presidente – as coisas são assim porque “eu quero”, e um novo livro, naturalmente não autorizado, cita uma frase dele.

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“Não tem nada melhor que dormir com as mulheres dos amigos.” Considerando-se que, de outubro passado para cá, o empoderamento das mulheres traduziu-se em denúncias de assédio que derrubaram figurões da indústria, a disputa dessa noite talvez seja relegada a segundo plano. Sim, todos queremos saber os vencedores, mas queremos mais ainda ouvir seus discursos.

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No cinema, o campeão de indicações é A Forma da Água, do mexicano Guillermo Del Toro, que poderá somar seu nome ao de outros ilustres cineastas do México que, nos últimos anos – Alfonso Cuarón e Alejandro González-Iñárritu -, receberam, não apenas o prêmio da Associação dos Correspondentes Estrangeiros como pavimentaram com ele a escalada para o Oscar. OK, o Globo de Ouro talvez não seja mais indicador seguro para o prêmio da Academia, mas o glamour, e as falas, da cerimônia repercutem na mídia e podem influenciar o Oscar.

Trump continua em guerra com os imigrantes, e os mexicanos, e isso pode ajudar o longa de Del Toro. A Forma da Água tem sido bem avaliado pelos críticos, ganhou prêmios importantes – desde o Leão de Ouro em Veneza – e possui um background político que pode contar pontos.

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A história da faxineira muda que se liga a um bizarro ser aquático num laboratório top secret passa-se em plena Guerra Fria, nos anos 1960, quando os norte-americanos e soviéticos brigavam para ser primeiros no espaço. O império soviético ruiu e hoje o novo czar da Rússia capitalista, Putin, não está nem um pouco disposto a ser segundo de Trump na geopolítica mundial.

Cena do filme 'The Post' Foto: Niko Tavernise

A Forma da Água soma à qualidade, a oportunidade. Na categoria comédia ou musical, concorre um terror que tem tudo a ver com as reações à era Trump – Corra!, de Jordan Peele. Na TV, Little Big Lies, da HBO, é favorito, com seis indicações. Apertem os cintos que a noite será longa.