PUBLICIDADE

Análise: Filme ‘Zoom’ apresenta boa técnica e (certa) elegância formal

Longa, que estreia na quinta-feira, 31, tem no elenco Mariana Ximenes e Gael García Bernal

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Pedro Morelli já dirigira com o pai, Paulo Morelli, o intimista Entre Nós. Não era exatamente um filme preparatório para Zoom – Realidade Virtual, que estreia nesta quinta, 31. Pedro recebeu do produtor canadense Niv Fichman, da Rhombus Media, a chamada proposta irrecusável. Niv convidou-o para dirigir um filme de sua completa eleição, com apenas uma condição: deveria ‘ousar’. Não admira que, pronto, Zoom tenha ido para o Festival de Toronto, na seção chamada de Vanguarda.

Pode até ser que o filme não seja de vanguarda de verdade, como foram certos experimentos de linguagem nos anos 1920 e 30 e, depois, nos 50/60, as obras iniciais de Alain Resnais. Seja como for, Zoom, a parceria da O2 com a Rhombus Media, é cinema internacionalizado, feito no capricho, com boa técnica e (certa) elegância formal. Três personagens cujas histórias se desenvolvem num universo entre a live action e a animação. Coisa de Comic Con. A garota que quer fazer cirurgia para aumentar os seios, a modelo que quer escrever um livro e o cineasta, o homem ideal da primeira – que existe só em seus desenhos – e cujo pênis vai encolhendo. De repente, um parece estar vivendo a aventura criada pelo outro. 

No passado, filmes do cinemão como O Magnífico (de Philippe Broca), Como Matar Sua Esposa (Richard Quine) e Uma Cilada Para Roger Rabitt (Robert Zemeckis) meio que anteciparam Zoom. O resultado é engenhoso, mas com cara de exercício. Depois do fundo, a humanidade dos personagens de Entre Nós, Pedro Morelli entregou-se à forma. Alguém dirá que o filme, metalinguístico, é superficial e até vazio. O diretor é jovem, está achando seu caminho. O tempo e o próximo filme dirão para onde vai Pedro.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.