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'A Ilha da Morte' em louvor aos cineastas amadores de Cuba

Longa do brasileiro Wolney Oliveira ambienta sua história nas vésperas da revolução de Fidel Castro

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Por Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Em 1988, Wolney Oliveira fez um divertido curta-metragem intitulado El Invasor Marciano. Homenageava os cineastas cubanos que, nos anos 50, tentavam filmar como se estivessem em Hollywood e produziam obras do mais puro trash. Muitos anos depois, Wolney, que estudou na Escola de San Antonio de los Baños, próximo de Havana, resolveu voltar ao tema. E agora sob a forma de ficção e como longa-metragem. É dessa maneira que nasce A Ilha da Morte.

 

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O filme, produção conjunta entre Brasil, Cuba e Espanha, é ambientado em Cuba, na véspera da vitória da revolução de Fidel, Camilo e Guevara. A luta entre os rebeldes e os partidários de Fulgêncio Batista encaminha-se para o desfecho e assim a família de simpatizantes de Fidel acha melhor se refugiar num vilarejo do interior. O brasileiro Claudio Jaborandi faz o truculento chefe de polícia local, um vilão sem matizes. É lá que o jovem Rodolfo (Caleb Casas), que manda cartas para Samuel Goldwin, chefão da Metro, e sonha trabalhar em Hollywood, terá de se improvisar como cineasta de primeira viagem, enquanto seu pai (Alberto Pujol) conspira. Em companhia de um grupo de amadores do vilarejo, Rodolfo e amigos rodam o filme mudo e em preto e branco intitulado A Ilha da Morte (ou El Cayo de la Muerte, em espanhol).

 

Temos aqui o filme dentro do filme e a homenagem ao cinema feito com poucos recursos, como no recente Saneamento Básico, de Jorge Furtado. Outro ponto de aproximação entre os projetos de Furtado e Wolney é o humor, ou melhor, a tentativa de ser engraçado.

 

A Ilha da Morte teria todos os ingredientes prévios para funcionar bem, mas não é o que ocorre. A estética trash que estaria na origem da inspiração e da homenagem contrasta com o visual limpo e bonitinho que redundou. O roteiro parece um tanto ingênuo e o pano de fundo histórico não corresponde ao transe político pelo qual o país passava. Enfim, A Ilha da Morte é simpático, mas parece artificial e sem formas muito definidas. Não agride. Mas tampouco marca a memória.

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