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Queermuseu: MPF recomenda que Santander reabra a exposição

O departamento jurídico do Santander Cultural já foi comunicado, mas ainda não se manifestou sobre o pedido

Por Lucas Rivas
Atualização:

PORTO ALEGRE - O Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul (MPF/RS) encaminhou ofício ao Santander Cultural, nesta quinta-feira, recomendando a reabertura imediata da exposição Queermuseu – Cartografias da Diferença da Arte Brasileira até a data original do encerramento da mostra, fechada pela direção do banco em 10 de setembro.

Tela da série "Criança Viada", da artista Bia Leite, foi uma das que causou polêmica. Foto: Reprodução

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O MPF deu prazo de 24h para que o Santander Cultural responda se vai ou não acatar a recomendação. O calendário inicial da Queermuseu tinha previsão de ficar exposta até 8 de outubro. As obras permanecem no local.

O departamento jurídico do Santander Cultural já foi comunicado e se manifestará nesta sexta-feira, 29.

Em Porto Alegre, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) referendou decisão de primeiro grau e rejeitou abertura da exposição cultural ao sustentar que o encerramento prematuro da mostra não evidencia o alegado dano ao patrimônio artístico e cultural nacional.

Conforme recomendação da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, os organizadores da exposição poderão adotar medidas informativas ou de proteção à infância e à adolescência no que se refere a eventuais representações de nudez, violência ou sexo nas obras expostas e também medidas visando a garantia da segurança das obras e dos visitantes.

Segundo procurador da República Fabiano de Moraes, o precedente do fechamento de uma exposição artística causa um efeito deletério a toda liberdade de expressão artística, trazendo a memória situações perigosas da história da humanidade, como a destruição de obras na Alemanha durante o período de governo nazista. Ele ressalta também que as obras que trouxeram maior revolta em postagens nas redes sociais não fazem apologia ou incentivo à pedofilia, conforme manifestação pública dos promotores de Justiça do Ministério Público Estadual.

O futuro da exposição pode ser definido até o fim da semana devido à intenção do Museu de Arte do Rio (MAR) receber a mostra. Em entrevista à Rádio Guaíba, de Porto Alegre, o curador da exposição, Gaudêncio Fidélis, confirmou ter sido contatado pela instituição e disse que as tratativas estão em andamento. Além do MAR, museus de Brasília, São Paulo, Bahia e de Belo Horizonte, assim como uma instituição americana, demostraram interesse em expor a Queermuseu.

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O curador considera “fantástico” o museu carioca ter se dirigido a ele e se disponibilizado para levar a exposição para o Rio. “Foi um período muito difícil que se apresentou, no meio desse turbilhão de ataques, e eu acho que o MAR demonstra uma excepcional atitude de coragem, disposição. Acho que é uma atitude política deles também, de demonstrar que eles são uma instituição que prima pela liberdade de expressão, pela democracia, de permitir que as pessoas tenham acesso à arte”, declarou à Rádio Guaíba.

Outra exposição

O MPF também recomenda que o Santander Cultural realize uma outra exposição em proporções e objetivos similares à que interrompeu, preferencialmente com temática relacionada à diferença e à diversidade, e que fique aberta a visitação em período não inferior a três vezes o tempo em que a Queermuseu permaneceu sem visitação – 19 dias, até o momento.