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Novo diretor do MAC anuncia mudanças no museu e promete restaurante até dezembro

O biólogo Carlos Roberto Ferreira Brandão, que será efetivado no cargo em setembro, revela sua política de incentivar colecionadores a doações e estimular os artistas contemporâneos

Foto do author Antonio Gonçalves Filho
Por Antonio Gonçalves Filho
Atualização:

Ex-diretor do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), o biólogo Carlos Roberto Ferreira Brandão vai usar sua experiência de um ano e meio como administrador de 29 museus ligados à entidade para dinamizar o Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC) nos próximos quatro anos. Ele assume efetivamente o cargo de diretor em setembro, mês em que inaugura uma das mais ambiciosas mostras já montadas no novo prédio do Ibirapuera, Visões de Arte no Acervo do MAC/USP – 1900/2000. Ela vai ocupar dois andares do museu com 140 obras de grandes artistas, entre eles Kandinski, Miró, Modigliani, Picasso e Tarsila do Amaral.

Carlos Brandão, onovo diretor,busca apoio da comunidade Foto: AMANDA PEROBELLI/ESTADAO

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No prazo máximo de três meses após a abertura dessa exposição, isto é, em dezembro, deverá entrar em funcionamento o esperado restaurante do MAC, localizado no oitavo andar, motivo do pedido de renúncia do ex-diretor Hugo Segawa, em novembro do ano passado, por falta de alinhamento com o conselho deliberativo do museu. Ferreira Brandão não divulgou o nome do grupo que vai administrar o restaurante, mas garante que o chef está entre os três mais conhecidos da cidade. “O vencedor da licitação ainda estuda o conceito, que se inclina para o ‘destination restaurant’, ou seja, aquele que leva as pessoas a sair de casa especialmente para almoçar ou jantar.”

O restaurante deve ocupar apenas a área coberta no oitavo andar. A parte externa continuará disponível aos visitantes (são mais de 200 mil por ano). Algumas reformas serão feitas paralelamente no prédio, para abrigar uma loja e a biblioteca, que tem 12 mil volumes e deve receber o acervo de livros de arte do falecido ex-diretor do MAC, Walter Zanini, no andar térreo, onde hoje fica a entrada. Todas as catracas deverão ser retiradas. “Não faz sentido mantê-las, uma vez que a entrada é gratuita”, justifica o diretor.

Com a entrega do anigo prédio do MAC à Escola de Comunicações e Artes da USP, o principal problema do museu ainda é a reserva técnica, uma área gigantesca no subsolo do prédio anexo que enfrenta problemas de infiltração. A questão do ar-condicionado já foi resolvida, mas falta ainda importar equipamentos do sistema de automação das bombas. Por enquanto, o acervo do museu, que tem mais de 11 mil obras, está dividido entre o antigo edifício da USP e o prédio onde funciona a Bienal. O novo projeto do MAC, que o arquiteto Paulo Mendes da Rocha havia desenhado para a Cidade Universitária, foi definitivamente descartado.

Maior orçamento entre os museus mantidos pela USP (R$ 23 milhões por ano), ainda assim ele é insuficiente para manter as atividades programadas pela nova direção – residência de artistas, seminários, palestras e exposições temporárias. “Temos procurado ajuda da iniciativa privada, caso da retrospectiva de Alex Flemming, aberta recentemente com produção do próprio artista, e buscando apoio de instituições estrangeiras que nos pedem empréstimos”, diz, revelando os nomes de dois museus interessados no acervo do MAC, o MoMA de Nova York, que pediu uma pintura de Tarsila para a retrospectiva da artista, e a Tate de Londres, que solicitou o empréstimo do autorretrato de Modigliani.

Já sob nova direção, o MAC recebeu em comodato uma obra de peso, um autorretrato do pintor expressionista austríaco Egon Schiele (1890-1918), pertencente a um colecionador particular. “Tenho conversado com vários colecionadores, tentando incentivar a doação de obras em vida”, conta. Vale lembrar que um dos maiores colecionadores de Volpi, o psiquiatra e crítico Theon Spanudis (1915-1986), doou ao museu, em 1979, 453 obras de sua coleção particular.

Aliada às limitações do orçamento, ainda insuficiente para manter os sete andares do prédio, a segurança e os funcionários, o MAC ainda perdeu um terreno anexo ao atual estacionamento, vizinho ao prédio do Dante Pazzanese, que seria utilizado pelos ônibus escolares que trazem as escolas para ver as mostras. “Ainda temos uma área que podemos explorar com essa finalidade, mas precisamos construir um teatro para abrigar a programação desenvolvida em conjunto com a ECA.” O MAC só tem um auditório, usado tanto para palestras como aulas.

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“Está no DNA do museu essa vocação para performances, espetáculos teatrais e musicais”, diz o diretor, que anuncia a realização de concertos de música de câmara para atrair novos visitantes. “No último mês, tivemos 16.394 pessoas visitando as exposições”, revela. “Esse número está crescendo”, comemora.