PUBLICIDADE

Mostra faz reverência a fotografias jornalísticas

Walter Firmo, Bob Wolfenson e Juan Esteves estão entre os 20 profissionais com imagens em exposição na galeria paulistana

Por Simonetta Persichetti
Atualização:

Cada período, cada momento tem sua própria forma de representação, sua maneira de se tornar conhecida e aumentar nosso imaginário. Neste contexto a fotografia do século 20 – ou melhor, o fotojornalismo do século 20 – marcou época interpretando o mundo e trazendo para frente dos nossos olhos os inúmeros acontecimentos que a marcariam. Guerras mundiais, revoluções, ditaduras, democracias, revoluções culturais, cenas do cotidiano, do urbano. Em cada evento, milhares de imagens, múltiplas fotografias que se tornariam testemunhas oculares de um mundo em transformação. 

Imagem captadapróxima à Mesquita Koutoubia, no Marrocos,com filme infravermelho Kodak EIR Color Infrared, que tinha de ser carregado e removido da câmera em escuridão total. Marrakech, 1998. [Nikon FM2] Foto: Ignacio Aronovich/Divulgação

PUBLICIDADE

Antes do final do século 20 e da explosão da imagens e imaginadores digitais, a fotografia jornalística, realizada por poucos, inundava as páginas de revistas e jornais, transformando o fotojornalista, nas palavras do pesquisador Fred Ritchin, “num escriba social”. Inúmeras são as imagens de filmes que retratam fotojornalistas em ação com os mais variados modelos de câmaras como a famosa Speed graphic, as Ermanox, as precisas câmaras da Leica – todas associadas a um momento do fotojornalismo. A técnica que não se separa da estética, da linguagem. Nesse cenário, em 1959, uma nova série de câmaras surgiria para marcar o fotojornalismo: a série F da Nikon, que acabou sendo usada durante três décadas pelos mais famosos fotojornalistas no mundo todo, inclusive no Brasil. 

Para contar esta história, Fernando Costa Netto e Mônica Maia, da DOC Galeria, convidaram 20 fotógrafos e suas imagens estão na mostra coletiva Série F, que inaugura a Galeria Nikon. São eles: Bob Wolfenson, Walter Firmo, Tuca Reinés, Klaus Mitteldorf, Juca Martins, Sergio Jorge, Luciano Candisani, Ana Carolina Fernandes, Luiz Garrido, Paulo Vainer, Rogério Assis, Jorge Araujo, Evandro Teixeira, Edu Simões, Egberto Nogueira, Ignácio Aronovich, João Bittar (in memoriam), Juan Esteves, Alexandre Belém e Armando Prado. “Pensamos nesta mostra como uma forma de reverência aos fotógrafos que marcaram época e que registraram alguns dos momentos mais importantes do homem e da história moderna”, explica Fernando Costa Netto. 

Na opinião dos curadores, as 20 imagens expostas ajudam a resgatar a história da fotografia, do fotojornalismo e nossa própria história “especialmente para aqueles que acreditam que tudo, inclusive a linguagem jornalística, foi inventado há pouco”, como relembra Fernando. Uma fotografia não tem a força de mudar o mundo, mas pode sim ser um vetor de discussão e deixar em nossa memória imagens difíceis de serem apagadas, como a da menina no Vietnã, a fome na África, os movimentos de maio de 1968, a queda do muro de Berlim, as greves no ABC, as Diretas Já, a volta da democracia no Brasil. Trazer de volta o fotojornalismo das décadas passadas para uma época em que as imagens têm cada vez menos densidade é uma maneira de lembrar da importância do fotojornalismo como narrador.

O novo espaço fica na Vila Madalena e sua gestão cultural será feita pela DOC Galeria/Escritório de Fotografia. Ali, serão realizados encontros para discussões sobre fotografia, exposições, cursos e palestras.

COLETIVA SÉRIE F
Galeria Nikon.Rua Aspicuelta, 153, Vila Madalena, 2592-7922
De 2ª a 6ª, das 10 h às 19 h; sáb. e feriados, das 11 h às 17 h. Grátis. Até 21 de janeiro

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.