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Exposição revê o legado de Aloisio Magalhães

Pioneiro do design nacional, o artista nascido no Recife ganha mostra que também apresenta suas pinturas

Por Celso Filho
Atualização:

Você pode não entender de artes plásticas, mas certamente já viu vários trabalhos de Aloisio Magalhães (1927-1982). Reconhecido principalmente pela sua carreira no design, o artista pernambucano criou marcas presentes no cotidiano brasileiro, como da companhia elétrica Light, do Unibanco e o símbolo da Bienal de São Paulo. Seus traços também deram vida às notas de 1.000 e 5.000 cruzeiros. No entanto, a obra de Magalhães não se resume aos logos comerciais. Outras facetas do artista também fazem parte da sua retrospectiva no Itaú Cultural, que será aberta neste sábado, 25.

Em 1966. Ação em políticas públicas do Brasil Foto: Acervo Aloisio Magalhães

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Aloisio começou sua carreira dedicado à pintura e à gravura. Como ilustrador, ele participou da oficina tipográfica experimental O Gráfico Amador, do Recife, onde levou seus desenhos a obras literárias de escritores como Ariano Suassuna. Nos EUA, publicou os livros Doorway to Portuguese e Doorway to Brasília sobre a arquitetura do País ao lado do designer Eugene Feldman, fundador da Falcon Press.

Na pintura, ele se alimentou do abstracionismo brasileiro, com influências da cultura de Pernambuco, sobretudo nas aquarelas. “Na mostra, reuni uma série de monotipias que são desenhos de paisagens recifenses. O forte ali é a permanência do colorido e da luz de sua terra natal”, ressalta o curador da exposição João de Souza Leite – também amigo e colega de trabalho de Aloisio.

Somente em 1960, Magalhães se volta para o design comercial, quando abre um escritório no Rio. “Aloisio acreditava que fazer design era ser artista no mundo contemporâneo. Ele defendia que assim sua arte seria usufruída pela comunidade e não restrita às casas dos colecionadores”, explica Leite.

Mesmo no design, que no Brasil da época teve forte influência do concretismo abstrato, Magalhães buscou manter suas características desenvolvidas na pintura. “Quando ele se torna designer, ele vai passar a utilizar parte desse vocabulário mais geométrico. Mas mesmo assim, ele tinha um processo diferente que partia do desenho livre e depois para a geometria”, diz Leite. 

Pouco antes de sua morte, o pernambucano se afasta do design e se volta para a gestão cultural. Durante o governo militar de João Figueiredo, ele foi nomeado presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 1979, e, depois, secretário da Cultural no Ministério da Educação e Cultura, em 1981. Também exerceu funções no Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco.

Para representar estes diferentes trabalhos da carreira de Magalhães, a retrospectiva do Itaú Cultural propõe uma mostra em três núcleos. O público passeia por salas que expõem sua produção nas artes plásticas, no design e na política. São telas, desenhos, fotografias de época e documentos que apresentam a vida e as influências artísticas de Aloisio Magalhães.

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Como uma das características artísticas dele era o uso de sobreposição de imagens, a montagem da mostra foi dividida por telas transparentes com impressões de desenhos do artista. Entre os destaques, há uma sala dedicada ao seu trabalho na Casa da Moeda, quando ajudou a formular as novas cédulas de cruzeiro, em 1976. Símbolos famosos, como o da Bienal, também estão expostos em versão tridimensional, além do layout de criação do logo do 4.º Centenário do Rio, de 1963.

OCUPAÇÃO ALOISIO MAGALHÃES

Itaú Cultural. Av. Paulista, 149, 2168-1776. 3ª a 6ª, 9 h/20 h (sáb. e dom., 11 h/ 20 h). Grátis. Até 24/8.

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