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Exposição resgata ilustrações sobre botânica da etnia huni kuin

Catálogos de plantas medicinais e artigos de cestaria e cerâmica de 36 aldeias da etnia huni kuin, no Acre, integram mostra ‘Una Shubu Hiwea’

Por Leandro Nunes
Atualização:

As linhas sinuosas feitas em potes e vasos apontam para um olhar que atravessa e abraça a natureza ao redor. No Acre, às margens do Rio Jordão, a tribo dos huni kuins revela sua dedicação na observação e registro da fauna e da flora. Parte desse trabalho de documentação integra a exposição Una Shubu Hiwea – Livro Escola Viva do Povo Huni Kuin do Rio Jordão, em cartaz no Itaú Cultural.

Organizada em dois pisos, a mostra exibe no primeiro uma reprodução dos rios Jordão e Tarauacá que irrigam a região demarcada pela tribo dividida em 36 aldeias.

Abertura da exposição 'Una Shubu Hiwea' com o índio Savio Barbosa Txana Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

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O grande talento para o uso de plantas medicinais rendeu a catalogação de 108 plantas existentes entre o Acre e o Peru, conta o índio Tadeu Mateus. “Foi o desejo de nosso pajé Agostinho Manduca preservar a cultura e transmitir conhecimento oral para as outras gerações.” O material foi lançado em um primeiro livro pela editora de Anna Dantes.

O projeto que ia integrar apenas mais uma obra acabou virando exposição na instituição. “O segundo livro tem produção a partir de cadernos em branco cedidos aos pajés. Neles, há relatos, mensagens, desenhos e orientações para tratamentos e curas”, conta Anna.

Mitos.Animais e plantas sagradas povoam o imaginário Foto: Pepe Schettino

 

No segundo espaço, um círculo com 36 bancos representa as aldeias huni kuin. Nas paredes, telas pintadas pela tribo narram lendas e contos desse povo. Anna explica que em muitas delas, bastante coloridas, as plantas assumem rostos e aspectos do sagrado que preservam a visão dos huni kuins sobre a vida e a morte. “Algumas ervas são as figuras de pajés que fizeram a passagem. Cada planta é direcionada para o tratamento de males ou doenças específicas que acometem os indígenas desde a época em que foram escravizados. É uma forma de encarar a natureza como parte de seu ser.”

UNA SHUBU HIWEA . Itaú Cultural. Av. Paulista, 149. Tel.: 2168-1776. 3ª a 6ª, 9h às 20h, sáb., dom., 11h às 20h. Até 13/2. Grátis

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