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Exposição de carrancas mostra a força expressiva da arte popular brasileira

Em cartaz na Pinacoteca, mostra reúne as esculturas e o registro fotográfico delas feito por Marcel Gautherot; veja galaria de imagens

Foto do author Antonio Gonçalves Filho
Por Antonio Gonçalves Filho
Atualização:

Aberta no dia 1º de agosto, a exposição A Viagem das Carrancas, na Pinacoteca do Estado, reúne 42 carrancas do rio São Francisco e igual número de fotos do francês Marcel Gautherot (1910-1996) que, em 1946, ao lado do antropólogo Pierre Verger (1902-1996), percorreu o litoral da Bahia para registrar essas esculturas em madeira agregadas à proa dos barcos. As fotos, pertencentes ao acervo do Instituto Moreira Salles, foram colocadas lado a lado das carrancas originais pertencentes a colecionadores particulares e instituições públicas.

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Reunidas no livro recém-publicado pela Editora WMF/Martins Fontes, A Viagem das Carrancas, com texto do crítico Lorenzo Mammì, as imagens de Gautherot, reproduzidas em revistas da época (como O Cruzeiro), mostram em detalhe exemplares hoje raros dessas obras esculpidas para pequenas e grandes embarcações, como a Minas Gerais, a maior que já navegou pelo rio São Francisco, que tinha em sua proa uma peça de Afrânio, o primeiro escultor de carrancas a ser reconhecido como autor.

Identificadas pelos traços grotescos, essas carrancas, com cabeças de leão ou cavalinhos (nas embarcações menores), passaram a ser disputadas por colecionadores quando se tornaram raras nos anos 1950. Algumas não chegaram nem mesmo a navegar. Foram produzidas especialmente para acervos particulares, mostrando a força expressiva da arte popular brasileira.

Na mostra da Pinacoteca, o destaque é mesmo uma grande figura esculpida por Francisco Biquiba dy La Fuente Guarany (1882-1995) para a barca Americana, o mais conhecido entre os artistas que se dedicaram ao gênero no País. Ele começou a entalhar em 1905 e morreu 80 anos depois. Outras seis carrancas produzidas por ele para colecionadores fazem parte da mostra da Pinacoteca, que tem nas fotografias de Gautherot não só um registro histórico como um documento de seu olhar moderno para as manifestações da cultura popular. Foram essas fotos, aliás, que despertaram o interesse de colecionadores.

A exposição da Pinacoteca vai até o dia 18 de outubro. A entrada é gratuita. O livro publicado pela WMF/Martins Fontes em conjunto com o Instituto do Imaginário do Povo Brasileiro, além da apresentação de Lorenzo Mammì, traz um ensaio de Samuel Titan Jr.. O preço é do exemplar é de R$ 148,00. O livro pode ser comprado na loja da Pinacoteca do Estado, além de ser encontrado nas livrarias.

 

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