Especial 32ª Bienal: Vivenciar o espaço

Pensada como um jardim, exposição se abre para o Parque do Ibirapuera

PUBLICIDADE

Por Camila Molina e Maria Hirszman
2 min de leitura

Ao transpor a ideia de jardim para o projeto expográfico da 32.ª Bienal de São Paulo, o arquiteto Alvaro Razuk criou, em intenso diálogo com a equipe curatorial da edição, uma das montagens mais livres e fluidas já vistas no evento. A mostra organiza-se em uma sucessão heterogênea de espaços, ora mais abertos, com clareiras que funcionam como áreas de encontro ou descanso, ora mais densos, intensificando as relações entre as obras.

Desde o início, a ideia foi desenvolver uma museografia que reduzisse hierarquias e não se pautasse por regras cartesianas de organização racional do espaço. “Trata-se de uma arquitetura propositalmente malcriada, na qual vale o princípio da entropia, de uma coordenação entre as partes, em que ninguém é mais importante do que o outro”, explica Razuk. A opção por criar o mínimo de divisórias (elas surgem apenas quando o trabalho exige um maior enclausuramento, como no caso dos vídeos) também acaba por atenuar a separação entre o prédio e o parque que o cerca.

Vista da obra 'Chão', do escultor mineiroJosé Bento Foto: GABRIELA BILÓ/ESTADÃO

Contribuem ainda para isso o acesso mais livre às janelas, a existência de vários trabalhos que dialogam com o Ibirapuera ou se situam no entorno do pavilhão e sobretudo a decisão de franquear a entrada de forma direta ao público pela grande porta de vidro, sem que seja necessário passar por catracas. Assim, o visitante se vê imediatamente imerso num fascinante bosque de esculturas feitas por Frans Krajcberg com restos de árvores.

Dentre as obras situadas na área do parque se destaca a pista de skate projetada pela sul-coreana Koo Jeong A, Arrogation, nova versão de suas pistas de skate que encantam os sentidos com suas formas espiraladas e o uso de materiais que se tornam fosforescentes ao anoitecer. Investigar a relação entre os visitantes e o espaço expositivo também é tema de trabalhos internos como Chão, de José Bento. Recobrindo com tacos reaproveitados de madeira uma faixa que liga um lado a outro do segundo andar do prédio e gerando zonas de instabilidade, que funcionam como pula-pulas, o escultor mineiro promove uma intervenção visual e sensitiva no local.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.