Especial 32ª Bienal: Arte que se alimenta da incerteza

A 32ª Bienal de São Paulo assume a instabilidade e as crises como elementos propulsores de criação

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Por Camila Molina e Maria Hirszman
Atualização:

De que forma a arte pode apresentar alternativas às profundas crises, incertezas e dilemas que marcam o mundo contemporâneo? Essa questão é chave para compreender o projeto curatorial proposto para a 32.ª Bienal de São Paulo, que abre suas portas para o público no dia 7 de setembro e se encerra em 11 de dezembro.

Intitulada Incerteza Viva, a mostra não procura apresentar respostas nem indicar um caminho. Muito pelo contrário: o objetivo é assumir a instabilidade e as dúvidas como elemento propulsor, é evidenciar o papel central da criação artística como forma de resistência e transformação. Ao todo, serão mais de 300 trabalhos executados por 81 artistas e grupos, que têm em comum o interesse por investigar aspectos problemáticos, desconfortáveis, esquecidos ou vencidos.

Esculturas de Frans Krajcberg na entrada da 32ª Bienal de São Paulo Foto: GABRIELA BILÓ/ESTADÃO

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“Começamos a trabalhar nesse projeto em 2014, ano que vimos bastantes publicações sobre o fim do mundo como o conhecemos; seja por mudanças climáticas, biológicas, ecológicas, ou por uma migração extremamente forte, uma violência nova, uma xenofobia de outra ordem, desconhecida”, afirma Jochen Volz, curador-geral da 32.ª edição do evento.

O historiador de arte alemão tem relação próxima com o Brasil – entre 2005 e 2012, foi diretor artístico do Instituto Inhotim, em Minas Gerais, além de ter sido, em 2006, um dos cocuradores da 27.ª Bienal de São Paulo. “Precisamos de outras formas de pensar um possível novo futuro”, diz Volz, que concebeu a 32.ª mostra ao lado de um time de cocuradores formado pela brasileira Júlia Rebouças, a sul-africana Gabi Ngcobo, o dinamarquês Lars Bang Larsen e a mexicana Sofía Olascoaga.

Um dos pressupostos básicos do projeto da equipe é a certeza de que o papel da Bienal de São Paulo se modificou nos últimos anos. O evento que, no passado teve uma grande importância como vitrine para mostrar o que havia de mais novo na arte contemporânea mundial – função que, atualmente, é também desempenhada por uma série de instituições no Brasil –, serve mais agora como “plataforma de experimentação”.

Em termos concretos, essa ambição se traduziu num esforço surpreendente de realização, com um número notável de trabalhos (cerca de 70%) comissionados para a exposição. “Era um desejo de todos os curadores pois gostamos de trabalhar muito próximo dos artistas”, comenta Jochen Volz. Outro aspecto que corrobora a experimentação é a predominância, entre os convidados, de criadores nascidos nas décadas de 1970 e 80 – mas vale citar a presença de veteranos como o escultor Frans Krajcberg, de 95 anos, que, curiosamente, foi chefe de montagem da 1.ª Bienal de São Paulo, em 1951. 

Veja o vídeo:

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32ª Bienal de São Paulo em números:

330 é o número aproximado de obras que ocupam o Pavilhão da Bienal e áreas do Parque do Ibirapuera na 32ª edição do evento

70% dos trabalhos da 32ª Bienal são criações produzidas especialmente para a mostra a partir do diálogo dos curadores com os artistas

25 milhões de reais foi o montante usado para a realização da 32ª Bienal de São Paulo, segundo o presidente da instituição, Luis Terepins

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