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Eliane Rodrigues: um piano que a Bélgica nos levou

Ela toca Bach e Chopin, no Rio, onde se apresentou pela última vez há 28 anos

Por Roberta Pennafort
Atualização:

Nascida no Rio e radicada na Bélgica, a pianista Eliane Rodrigues pouco se lembra de sua última apresentação na cidade. Afinal, lá se foram 28 anos. Hoje, o público carioca a terá de volta: com uma variado repertório de Bach, Schubert, Beethoven e Chopin, ela se apresenta na Sala Cecília Meireles. "É um programa de grande valor humano e tecnicamente bastante difícil, pois não somente requer um mecanismo muito pulsante, mas também outro tipo de técnica, que talvez seja ainda mais difícil: o carinho, a ternura, uma linguagem que começa depois que as palavras acabam", escreveu Eliane Rodrigues ao Estado, por e-mail, na semana passada, antes de embarcar para o Rio. Ela começou a estudar piano aos 4 anos, quando já compunha pequenas peças para desenhos animados, as quais dava de presente para a mãe, então primeira bailarina do Teatro Municipal do Rio. Aos 6, apresentava-se com orquestras; um ano depois, editaria livros que ajudaram outras crianças a tocar. Logo, começou a participar de competições e a ganhar prêmios internacionais. "Eu soube ler as notas antes que eu pude ler e escrever", contou Eliane, hoje com 49 anos, num português de escrita confusa, típica de quem vive fora de seu país por muitos anos. "Estou muito feliz com a chance de reencontrar esse povo brasileiro, que sempre viveu pertinho do meu coração", declarou a instrumentista. Desde que saiu do Brasil, há 30 anos, só esteve no Rio três vezes. "Gosto de ficar com minhas crianças (tem 3 filhos) na beira da água e sonhar." A escolha do repertório foi feita em conjunto com Myrian Dauelsberg, da produtora Dell?Arte, que a convidou para integrar a Série Pianíssimo: Fantasia, de Bach, Sonata em Si Bemol Maior, D.960, de Schubert, Sonata nº 32 em Dó Menor, op. 111, de Beethoven, Andante Spianato e Grande Polonaise Brilhante em Mi Bemol Maior, op. 22, de Chopin. Não é de hoje que Myrian, filha dos músicos Mariuccia Iacovino e Arnaldo Estrella, e também pianista e professora, conhece o talento de Eliane. O pai de Myrian deu aulas para Eliane dos 7 aos 18 anos. "Ela foi um verdadeiro geninho", lembra Myrian, que lamenta que jovens músicos não conheçam seu trabalho. "Eu tenho alunos maravilhosos, com prêmios internacionais, que nunca ouviram Eliane Rodrigues. Vai ser uma oportunidade de o público ouvir um valor nosso que venceu lá fora." A Série Pianíssimo continua com os russos Nikolai Lugasnky e Vadim Rudenko, nos dias 30 e 31 de maio. Jean Louis Steuerman se apresenta no dia 22 de junho e Iván Martín, no dia 22 de julho.

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