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Dicionário Larousse ganha capa de Niemeyer

No centenário de nascimento, editora presta homenagem ao arquiteto, lembrando sua íntima ligação com a cultura francesa

Por Antonio Gonçalves Filho
Atualização:

No centenário de nascimento de Oscar Niemeyer, o arquiteto brasileiro ganha mais uma homenagem: 15 páginas inteiras no novo Dicionário Ilustrado Larousse, que já está nas livrarias e traz 80 mil verbetes, além de uma capa desenhada com exclusividade pelo homem que projetou Brasília ao lado de Lúcio Costa. Versão brasileira do Petit Larousse, cujas vendas anuais na França ultrapassam 1 milhão de exemplares, o dicionário vem acompanhado de sua versão eletrônica em CD-ROM e traz, entre as 80 mil definições de nomes comuns próprios , algumas curiosidades: Caetano Veloso virou verbete ao lado de Velázquez, Verlaine e Lope de Vega, quebrando a fronteira entre cultura popular e erudita. A Larousse investiu R$ 2 milhões e três anos de pesquisas no projeto, que mobilizou redatores, revisores, lexicógrafos e cartógrafos, exigindo um acordo da editora com o Instituto Houaiss, contratado para cuidar da direção editorial do novo dicionário. O projeto do livro, desenvolvido pelo instituto com metodologia da Larousse, foi submetido pelo diretor da editora no Brasil, Fábio Godinho, aos principais livreiros do País, numa pesquisa que pretendia levantar a existência de produtos similares no mercado brasileiro. Godinho garante que não encontrou um único concorrente. Existem, sim, dicionários ilustrados, mas não com 2.500 imagens coloridas concentradas num único volume, o que exigiu dos editores uma tarefa monumental, a de garantir por contrato os direitos de reprodução de imagens de obras de arte. Hoje, o principal entrave para a publicação de livros na área é justamente convencer museus e herdeiros dos artistas a permitir o uso de imagens de trabalhos artísticos. Alguns cobram cifras astronômicas por isso. A Larousse, revela o editor, teve de contratar uma advogada exclusivamente para cuidar dos contratos de cessão dos direitos de imagem. Ao mesmo tempo um dicionário da língua portuguesa e dicionário enciclopédico, o Larousse incorpora verbetes terminológicos ausentes de outras publicações do gênero, funcionando ainda como um curso rápido da língua na primeira parte (nomes comuns) e um compêndio da história universal da arte. Adaptados aos leitores brasileiros, os verbetes de arte trazem, sempre que possível, ilustrações de obras concebidas por artistas daqui, como, por exemplo, a página dedicada à arte abstrata: nela, pinturas do russo Malevitch e do francês Soulages convivem com uma escultura em negro belga de um dos maiores construtivistas brasileiros, Sérgio Camargo. Camargo é duplamente lembrado no dicionário com a imagem de sua escultura em homenagem a Brancusi ao lado do verbete de outro grande artista brasileiro com o mesmo sobrenome, o pintor gaúcho Iberê Camargo. De certo modo, o dicionário é também um ''''quem é quem'''' na arte contemporânea brasileira, incluindo artistas de uma geração mais nova, como Daniel Senise e Adriana Varejão. Oito mil verbetes são dedicados exclusivamente ao Brasil, falando de pessoas e instituições, entre elas o Estado, definido como ''''um dos periódicos de maior prestígio do País''''. Atualmente, o Petit Larousse é publicado em francês, espanhol, italiano, grego e polonês, sendo suas edições atualizadas anualmente. A edição mais antiga tem mais de um século e é francesa. Na Espanha, a primeira publicação data de 1912. No Brasil, a Larousse opera desde 2002 e já lançou 350 títulos, entre dicionários, guias de idiomas, gramáticas, livros de gastronomia e obras para o público infanto-juvenil, segmento no qual vem se destacando com o lançamento de novos autores. A versão brasileira do Petit Larousse, garante o editor Fábio Godinho, permanece fiel ao espírito da obra original francesa. Apenas a parte referente aos nomes comuns resultou de uma reestruturação do Grande Dicionário Larousse Cultural da Língua Portuguesa. Na parte dos nomes próprios, quem entraria e quem ficaria de fora provocou, segundo o editor, ''''uma discussão acalorada''''. No final, o rastafári jamaicano Bob Marley (1945-1981) acabou ganhando um lugarzinho ao lado do dramaturgo inglês Christopher Marlowe (1564-1593) e o ator José Lewgoy (1920-2003) dividiu a página com o filósofo e sociólogo francês Lévy-Bruhl e o psicossociólogo americano de origem alemã Kurt Lewin.

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