Despejo ronda galeria da irmã de Romero Britto

Com o aluguel atrasado desde fevereiro de 2014, ponto da rua Oscar Freire sofreu queda de 80% no faturamento

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Por Redação
Atualização:
Fachada da Galeria Britto Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

Instalada há 15 anos na rua Oscar Freire, um dos pontos comerciais mais caros de São Paulo, a Galeria Britto, que vende as obras do artista Romero Britto, está sendo despejada por falta de pagamento de aluguel, desde fevereiro do ano passado, segundo revelou a Folha de S. Paulo. O atraso no aluguel, de R$ 60 mil mensais, motivou a ação de despejo pelos advogados da proprietária do imóvel, Vera Cardoso Franco da Silva, que tentaram acordos extrajudiciais com Roberta Britto, irmã do artista e administradora da galeria.

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Desideriu Romanek, diretor financeiro da galeria, admite o atraso no pagamento do aluguel, mas alega que a “intransigência dos advogados da proprietária” inviabiliza o acordo, pois a dívida original, que estaria entre R$ 560 mil e R$ 580 mil, ultrapassaria R$ 1 milhão com honorários advocatícios e multas. “Não existe boa vontade de conciliar os interesses, pois estamos aqui há 15 anos e eles não levam em consideração que gastamos o equivalente na reforma do prédio, ou melhor, no novo projeto, assinado por João Armentano, que custou exatamente isso na época e hoje custaria três vezes mais.”

Na época, o aluguel estava entre R$ 4 mil e R$ 5 mil, segundo Romanek. Em 2010, ele passou para R$ 40 mil. “Isso inviabilizou o negócio, pois é grande o número de falsificações da obra de Romero Britto e as vendas caíram muito em razão disso”, diz Romanek. Há cinco anos, o valor do aluguel foi questionado judicialmente, segundo ele. “Finalmente, em fevereiro de 2014, começamos a ter dificuldades para pagar o aluguel. Em junho fizemos acordo para saldar os atrasados em parcelas, mas, em outubro, o faturamento teve uma queda de 80% e não conseguimos cumpri-lo.”

Roberta, irmã de Romero Britto, está em Miami, tentando atrair investidores para o negócio em São Paulo. Há seis anos, Romero desligou-se da galeria brasileira, mantendo apenas a de Miami e suas parcerias internacionais (com a Samsung, entre outras). Em maio do ano passado, a casa de leilões Sotheby’s vendeu uma tela sua, retratando o ex-presidente John Kennedy e a primeira-dama Jacqueline Kennedy, por US$ 250 mil. Apenas em 2015 Romero Britto tem quatro exposições marcadas, uma na França, duas na Alemanha e uma na Flórida.

A despeito do êxito comercial do pintor, a situação da galeria paulistana não teve iguais resultados por causa das cópias ilegais em circulação na cidade e os preços praticados pelo artista. “Sua irmã Roberta não recebe obras de graça para expor aqui, como se imagina”, observa Romanek. “Ela só tem direito a descontos”, conclui.

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