Uma decisão do governo norueguês está causando polêmica em Oslo. Uma série de cinco painéis do artista espanhol Pablo Picasso, em parceria com o artista local Carl Nesjar, deve ser movida do seu local original, num prédio modernista conhecido como 'bloco Y', que pertence ao governo da Noruega e que será demolido. As informações são do New York Times.
O prédio, junto ao vizinho, o 'bloco H', foi o local escolhido pelo terrorista de extrema direita Anders Behring Breivik para um ataque com um carro-bomba em 2011, que deixou oito mortos. No mesmo dia, em 22 de julho de 2011, Breivik seguiu para um acampamento de jovens em Utoya, já fora de Oslo, onde matou mais 69 pessoas, a maioria adolescentes.
Desde os ataques, os dois prédios permanecem esvaziados. Em 2013, o governo revelou pela primeira vez os planos de demolir os prédios, afirmando que as estruturas ficaram comprometidas no ataque - e que os painéis de Picasso seriam movidos. Mas só agora, no final de setembro deste ano, foi revelado que a Statsbygg, órgão norueguês que cuida das propriedades estatais, iria fechar um contrato para redesenhar o local onde estão os prédios com um grupo de grandes firmas de arquitetura. O desejo do governo é substituir o 'bloco Y' por um prédio triagular com uma fachada semitransparente. Opositores da decisão a veem como um afronte à herança artística e cultural da Noruega e do mundo.
À época em que foi anunciado pela primeira vez o plano de mover as obras, a The Picasso Administration, que cuida do legado do pintor, criticou a decisão. Mais tarde, voltou atrás e, num tom mais cordial, afirmou que a instituição iria observar cada passo do processo. Dessa vez, procurada pelo New York Times, a The Picasso Administration preferiu não se pronunciar.
O mais famoso dos painéis tem o título de The Fishermen, um mural de concreto, semiabstrato, que mostra três pescadores puxando uma rede com três peixes, sob um grandioso sol.
"Nós não queremos que o ministério derrube o prédio quando terroristas não conseguiram fazer isso", disse ao New York Times Janne Wilberg, diretora de herança cultural de Oslo. Ola Elvestuen, membro do parlamento norueguês pelo Partido Liberal, pretende lutar contra a decisão. "É o nosso passado mais recente", afirmou sobre a importância do conjunto de prédios. "E o passado mais recente é o que mais comumente é mais difícil de se preservar.