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Crivella: 'Povo carioca tem poder de veto à exposição no Rio'

Prefeito disse que não permitiria a ida da mostra 'Queermuseu' ao Museu de Arte do Rio (MAR), mas ele não tem direito de veto ao conteúdo da entidade

Por Roberta Pennafort
Atualização:

RIO - O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), ratificou nesta segunda-feira, 2, que não permitirá a vinda para o Museu de Arte do Rio (MAR) da exposição Queermuseu – ainda que não tenha direito a veto ao conteúdo do que é exibido na instituição, uma parceria da prefeitura com a Fundação Roberto Marinho. A mostra foi retirada mês passado do Santander Cultural, em Porto Alegre, depois que movimentos a acusaram de promover “zoofilia” e “pedofilia”.

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“A população do Rio é soberana e não tem o menor interesse em exposições que promovam zoofilia e pedofilia. Já conversei com a nossa secretária (de Cultura, Nilcemar Nogueira) e não há a menor chance”, disse Crivella à rádio CBN. Ele acrescentou que “o povo carioca” tem poder de veto em relação à “Queermuseu”. A secretária tem assento no conselho do museu, que define a programação. 

A exposição 'Queermuseu', no Santander Cultural, em Porto Alegre Foto: Fredy Vieira

No domingo, o prefeito já havia divulgado em suas redes sociais um vídeo em que mostra seis populares rechaçando a exibição. Em seguida, aparece Crivella, em tom debochado, dizendo: “Tá vendo? É por isso que aqui no Rio a gente não quer essa exposição. Saiu no jornal que ia ser no MAR. Só se for no fundo do mar. No MAR do Rio, nããão”.

A reportagem entrou em contato com o MAR e com a secretaria. O MAR informou que só a secretaria falará do assunto; a secretaria informou que o tema está sendo debatido, e um posicionamento será enviado mais tarde. A mostra tem obras de artistas brasileiros de renome internacional, como Adriana Varejão, Alfredo Volpi, Cândido Portinari e Lygia Clark.

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No domingo, o MAR informou que a exibição está sendo discutida pelo conselho esta semana. “Museu nenhum do Brasil ou do mundo faria qualquer ação para estimular pedofilia ou zoofilia, precisamos ter cuidado com as interpretações distorcidas e com o uso político dessas polêmicas. Pelo contrário, museus e centros culturais são lugares onde mais se pensa em conteúdos voltados à formação e educação de crianças e adolescentes”, declarou o diretor cultural do MAR, Evandro Salles, ao jornal O Globo

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A Secretaria Municipal de Cultura informou que a decisão sobre a exibição da Queermuseu no MAR será tomada numa reunião a ser realizada na terça-feira, 3. A pasta afirmou que “arte não tem censura” e que vem discutindo “aspectos técnicos, financeiros e jurídicos de se trazer a exposição” ao MAR. “Diante dos episódios motivados por discursos de ódio e atos de violência, como os que ocorreram no último fim de semana, a segurança apresentou-se como fator prioritário nesta discussão”, diz nota oficial divulgada nesta segunda-feira, 2. A nota não menciona as afirmações do prefeito sobre a exposição.