PUBLICIDADE

Conselho leva o diretor do MAC a renunciar

Hugo Segawa foi derrotado em votação para abrir licitação que daria um restaurante ao museu

Foto do author Antonio Gonçalves Filho
Por Antonio Gonçalves Filho
Atualização:

O arquiteto e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Hugo Segawa, renunciou ao cargo de diretor do Museu de Arte Contemporânea (MAC/USP) por divergências com os integrantes do conselho da instituição, uma delas provocada pela proposta de construção de um restaurante no oitavo piso do prédio, onde funcionava o Detran, no Parque do Ibirapuera.

PUBLICIDADE

O projeto de instalação de um restaurante de luxo no topo do MAC – um dos panoramas mais bonitos da cidade – já era alimentado na gestão do ex-diretor Tadeu Chiarelli, mas não foi para a frente, emperrado pela burocracia institucional. Mais uma vez, ele foi abandonado, durante votação para abrir licitação que permitiria a uma empresa privada explorar os serviços do restaurante. Apenas Segawa, autor do projeto, foi favorável. Outros membros do Conselho do MAC foram contra. Ele é formado por cinco docentes da USP, dois representantes da sociedade (um artista e um crítico), dois representantes dos servidores e mais o diretor e a vice-diretora, Kátia Canton, que assume, por tempo limitado, o cargo de Segawa, até que seja convocada nova eleição para a vaga do ex-diretor.

Segawa diz que o episódio da licitação foi o estopim da renúncia, não a causa única. A mudança do MAC para o prédio do Detran, diz ele, trouxe benefícios, mas também uma série de problemas com o aumento da área expositiva (eram 900 m² no câmpus da USP contra os atuais 11 mil metros). Cresceu o número de vigilantes (de 13 para 50) e de visitantes (são quase 200 mil por ano), mas não a verba disponível para a realização de exposições. Este ano foram canceladas duas mostras (o tributo ao centenário do compositor Koellreuter e a retrospectiva do artista coreano Nam June Paik). Para 2016, revelou Segawa, outra exposição importante foi cancelada, a retrospectiva do escultor surrealista franco-germânico Jean Arp (1886-1966). “Muitas dessas mostras são propostas externas que o MAC acolhe, mas seus produtores, por vezes, não conseguem fechar as cotas de patrocínio”, justifica ainda Segawa.