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Carlos Fajardo questiona a imagem com uso de espelhos

Artista exibe suas recentes criações na exposição 'No Aberto', em cartaz na Galeria Raquel Arnaud

Por Camila Molina
Atualização:

A promessa de um labirinto "invisível, incessante" formado por uma única linha reta é, literalmente, a frase de La Muerte y La Brújula, do escritor argentino Jorge Luis Borges, escrita em espanhol como uma pista das questões presentes na exposição No Aberto, de Carlos Fajardo. Com o uso de espelhos e vidros, de duas fotografias e da cor, o artista estabelece na Galeria Raquel Arnaud um jogo conceitual e sensorial sobre “reflexo e reflexão".

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"Espelho, em latim, é especular", diz o criador e professor paulistano, mestre formador de tantos outros artistas desde a histórica Escola Brasil, fundada em 1970, e até hoje na USP e em seu ateliê. O vidro polido é também o "lugar em que se forma a imagem", completa Fajardo, que apresenta já na entrada da galeria uma construção modular feita de estruturas de ferro e espelhos laminados na qual o visitante deve adentrar.

Esse primeiro trabalho funciona como espaço de imersão - e purificação do mundo lá fora -, um campo transitável de reflexos que se transforma em prelúdio da mostra. Nesse local percebe-se a ação de "apagamento da arquitetura" engendrada pelo artista, seu convite para novas “relações de tempo” através do diálogo corpóreo com as obras exibidas.

É preciso dizer que partidos artístico-conceituais e filosóficos permeiam e amarram os elementos de No Aberto. A mostra pode ser considerada uma instalação única onde todos os trabalhos apresentados se relacionam - são peças de concretização recente, mas os pensamentos que as motivam estão há tempos na produção de Carlos Fajardo. Questionador da imagem - “existe uma nudez dela no contexto da exposição toda”, ele afirma -, o artista exibe criações de refinamento formal e nas quais “tudo reflete tudo".

Tendo isso em mente, o visitante encontrará depois da primeira construção na entrada da Galeria Raquel Arnaud (que também exibe esculturas de Iole de Freitas em seu 2.º andar), uma sequência de cinco caixas de madeira criadas com vidro e espelhos nas cores verde, azul, laranja e rosa. São campos condensados da cor, mas, mais ainda, superfícies em que o próprio espectador se vê refletido, duplicado, triplicado como um fantasma de si mesmo. "A imagem deriva do trabalho, não existe representação que você não esteja incluído", resume Fajardo.

Existe algo da pintura, não apenas no sentido compositivo cromático dessas obras e das composições geométricas maiores, com vidros, espelhos e tecidos, também expostas. Até quando a fotografia aparece na exposição, é como elemento de "choque das condições", parte do "jogo da imaginação".

CARLOS FAJARDO

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Galeria Raquel Arnaud.

Rua Fidalga, 125, V. Madalena, 3083-6322. De 2ª a 6ª, das 10 h às 19 h; sáb., das 12 h às 16 h Até 12/7.

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