Bienal de São Paulo revela propostas expositivas de seus artistas-curadores

Sete artistas de todo o mundo foram convidados para organizar mostras livres dentro do evento, que chega a sua 33ª edição

PUBLICIDADE

Por Pedro Rocha
Atualização:

A Bienal de São Paulo revela as propostas expositiva dos sete artistas convidados para atuarem também como curadores nesta 33ª edição, que será realizada entre 7 de setembro a 9 de dezembro no Parque do Ibirapuera. De várias partes do mundo, os sete irão montar, livremente, mostras que misturam os próprios trabalhos com de outros artistas. 

Apesar de contar com o título de Afinidades afetivas, a Bienal deste ano, sob curadoria geral de Gabriel Pérez-Barreiro, não vai seguir um único tema. “Os sete artistas-curadores têm trabalhado com total autonomia”, explica Pérez-Barreiro em comunicado. “As únicas limitações impostas a eles foram de ordem prática, relativas a orçamento e ao uso do Pavilhão da Bienal.”

'Pintura, Cérebro e Rosto', 2017, de Sofia Borges, escolhida para a sua mostra na33ª Bienal de São Paulo. Foto: Cortesia da artista

PUBLICIDADE

A brasileira Sofia Borges está entre os artistas-curadores selecionados. Para ela, que afirma que seu trabalho se afasta da ideia de tema, o desenvolvimento da sua mostra A infinita história das coisas ou o fim da tragédia do um, que conta com obras de nomes como Leda Catunda e Sarah Lucas, veio de forma natural. “São coisas que fazem parte da minha pesquisa, que já queria desenvolver.” A pesquisa está relacionada à tragédia, não do ponto de vista teatral, mas por um conceito filosófico, segundo a artista, que já possui experiência com curadoria experimental.

++ Bienal revela 12 projetos individuais selecionados para a 33ª edição

Outro brasileiro que desenvolve uma mostra para Bienal é Waltercio Caldas, que se diz desafiado pela proposta. “É mais do que o artista tomar o papel de curador”, acredita. “Coloca o trabalho do artista numa nova situação que, se bem sucedida, vai esclarecer qual a sua ideia sobre a história da arte.” Em sua curadoria, Caldas selecionou obras por seus conteúdos, e não, necessariamente, pelos artistas em si. Trabalhos de Jorge Oteiza, Vicente do Rego Monteiro e Victor Hugo, além dos seus próprios, entram em debate. “Meu projeto pretende criar tensões entre aspectos da visitação a uma exposição”, explica. “Quando aproximo obras de diferentes artistas, crio uma espécie de narrativa com a forma em que cada objeto é colocado ali.”

Obra 'Rodtchenko', 2004, de Waltercio Caldas, escolhida pelo artista para integrar a sua exposição na 33ª Bienal de São Paulo. Foto: Vicente de Mello

Entre os artistas-curadores internacionais está o uruguaio Alejandro Cesarco, que na mostra Aos nossos pais propõe questionamentos acerca de como o passado, ao mesmo tempo, possibilita e frustra potencialidades. Já o espanhol Antonio Ballester Moreno, em sentido/comum, vai levar brinquedos educativos das vanguardas históricas, obras da Escuela de Vallecas e artistas contemporâneos para contextualizar um universo baseado na relação entre biologia e cultura, com referências à história da abstração e sua interação com natureza, pedagogia e espiritualidade. 

Da argentina, a artista Claudia Fontes, com O pássaro lento, parte da metanarrativa sobre um livro fictício homônimo, cujo conteúdo é desconhecido, exceto por fragmentos e vestígios materiais. Já a sueca Mamma Andersson, com a mostra Stargazer II (Mira-estrela II), reúne um grupo de artistas que têm inspirado sua produção como pintora. A nigero-americana Wura-Natasha Ogunji completa o time de artistas-curadores com sempre, nunca, projeto composto exclusivamente por obras comissionadas de artistas mulheres, que, segundo ela, conciliam “aspectos íntimos, como corpo, memória e gesto, a épicos (arquitetura, história, nação). 

Publicidade

Além das mostras coletivas, a 33ª Bienal de São Paulo vai contar ainda com 12 exposições individuais, já apresentadas anteriormente, com a curadoria de Gabriel Pérez-Barreiro. Mais informações sobre o evento no site oficial

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.