A Bienal de São Paulo revela as propostas expositiva dos sete artistas convidados para atuarem também como curadores nesta 33ª edição, que será realizada entre 7 de setembro a 9 de dezembro no Parque do Ibirapuera. De várias partes do mundo, os sete irão montar, livremente, mostras que misturam os próprios trabalhos com de outros artistas.
Apesar de contar com o título de Afinidades afetivas, a Bienal deste ano, sob curadoria geral de Gabriel Pérez-Barreiro, não vai seguir um único tema. “Os sete artistas-curadores têm trabalhado com total autonomia”, explica Pérez-Barreiro em comunicado. “As únicas limitações impostas a eles foram de ordem prática, relativas a orçamento e ao uso do Pavilhão da Bienal.”
A brasileira Sofia Borges está entre os artistas-curadores selecionados. Para ela, que afirma que seu trabalho se afasta da ideia de tema, o desenvolvimento da sua mostra A infinita história das coisas ou o fim da tragédia do um, que conta com obras de nomes como Leda Catunda e Sarah Lucas, veio de forma natural. “São coisas que fazem parte da minha pesquisa, que já queria desenvolver.” A pesquisa está relacionada à tragédia, não do ponto de vista teatral, mas por um conceito filosófico, segundo a artista, que já possui experiência com curadoria experimental.
++ Bienal revela 12 projetos individuais selecionados para a 33ª edição
Outro brasileiro que desenvolve uma mostra para Bienal é Waltercio Caldas, que se diz desafiado pela proposta. “É mais do que o artista tomar o papel de curador”, acredita. “Coloca o trabalho do artista numa nova situação que, se bem sucedida, vai esclarecer qual a sua ideia sobre a história da arte.” Em sua curadoria, Caldas selecionou obras por seus conteúdos, e não, necessariamente, pelos artistas em si. Trabalhos de Jorge Oteiza, Vicente do Rego Monteiro e Victor Hugo, além dos seus próprios, entram em debate. “Meu projeto pretende criar tensões entre aspectos da visitação a uma exposição”, explica. “Quando aproximo obras de diferentes artistas, crio uma espécie de narrativa com a forma em que cada objeto é colocado ali.”
Entre os artistas-curadores internacionais está o uruguaio Alejandro Cesarco, que na mostra Aos nossos pais propõe questionamentos acerca de como o passado, ao mesmo tempo, possibilita e frustra potencialidades. Já o espanhol Antonio Ballester Moreno, em sentido/comum, vai levar brinquedos educativos das vanguardas históricas, obras da Escuela de Vallecas e artistas contemporâneos para contextualizar um universo baseado na relação entre biologia e cultura, com referências à história da abstração e sua interação com natureza, pedagogia e espiritualidade.
Da argentina, a artista Claudia Fontes, com O pássaro lento, parte da metanarrativa sobre um livro fictício homônimo, cujo conteúdo é desconhecido, exceto por fragmentos e vestígios materiais. Já a sueca Mamma Andersson, com a mostra Stargazer II (Mira-estrela II), reúne um grupo de artistas que têm inspirado sua produção como pintora. A nigero-americana Wura-Natasha Ogunji completa o time de artistas-curadores com sempre, nunca, projeto composto exclusivamente por obras comissionadas de artistas mulheres, que, segundo ela, conciliam “aspectos íntimos, como corpo, memória e gesto, a épicos (arquitetura, história, nação).
Além das mostras coletivas, a 33ª Bienal de São Paulo vai contar ainda com 12 exposições individuais, já apresentadas anteriormente, com a curadoria de Gabriel Pérez-Barreiro. Mais informações sobre o evento no site oficial.