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Arte de Sandra Antunes Ramos ordena o mundo

Exposição na Galeria Millan desperta a atenção da crítica para desenhos que parecem iluminuras

Foto do author Antonio Gonçalves Filho
Por Antonio Gonçalves Filho
Atualização:

Artista que impressionou Sandra Antunes Ramos, a norte-americana Francesca Woodman (1958-1981) costumava ambientar suas fotografias em casas arruinadas, deixando entrar a luz através das janelas e frestas de portas, criando um drama que o espectador podia ou não julgar encenado. Em certo sentido, Sandra busca em seus desenhos a mesma luz poética, criadora de uma situação ambígua, em que interior e exterior se comunicam e trocam de lugar. Detalhe: a brasileira faz isso sem recorrer à figura humana, e sim à geometria.

Há nos desenhos expostos na Galeria Millan também uma ambivalência – como em Woodman, em que presença e ausência são sinônimos, no sentido de que os corpos se fundem com o ambiente. O crítico Alberto Tassinari comparou os pequenos desenhos da mostra a iluminuras, que impressionam o espectador por permitir imaginá-las como grandes pinturas. Como em Woodman, também é possível “penetrar” em suas fotos como se o espectador tivesse acesso ao ambiente.

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“O meu jeito de ver o mundo é separando os elementos”, explica Sandra, justificando porque um desenho que adota como referência a Robie House de Frank Lloyd Wright não se parece em nada com a casa projetada em planos horizontais sobrepostos. São desenhos, como observa Tassinari, para serem olhados de perto – “como se o olhar os abrisse com uma grande angular”, conclui o crítico. 

Olhando desse modo é até possível ver num dos desenhos da mostra as mesmas linhas da casa de Wright construída no subúrbio de Chicago, embora a referência concreta não explique o enigma da luz que emana dessa sutil arte de combinar formas e cores. 

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