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Partituras sem contratempos

Longa vida a Stevie Ray

Não fosse a mania de viver com pressa e Stevie Ray Vaughan completaria 60 anos no próximo dia 3 de outubro. Apenas 60 anos. Num mundo em que os heróis da guitarra já beiram ou ultrapassam os 70, sua morte prematura aos 36 foi um enorme desperdício de talento. Agora, seu irmão Jimmie Vaughan planeja um tributo.

Por Carlos de Oliveira
Atualização:

Stevie Ray Vaughan: lenda do blues texano. Foto: Estadão

Era madrugada de 27 de agosto de 1990, mais ou menos 1h da manhã, e Stevie Ray Vaughan, guitarrista e cantor texano, queria porque queria voltar logo para casa, em Austin. Estava com pressa. Ele acabara de participar de um festival de blues em East Try, nas montanhas de Winsconsin, nos Estados Unidos. No palco, Eric Clapton, Jimmie Vaughan e Robert Cray.

Carreira curta: poucos discos e morte aos 36. Foto: Estadão

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Havia quatro helicópteros à disposição dos músicos e suas equipes, mas era noite de muita neblina, chuva forte e vento. A prudência mandava que todos aguardassem por um momento mais calmo para decolar. Mesmo assim, ficou combinado que três aeronaves partiriam. SRV (outra abreviatura importante do blues) insistiu para estar em uma delas. Tinha muita pressa. Queria sair logo, voar até o aeroporto local e pegar o primeiro avião rumo ao Texas. Mas seu voo não durou mais do que alguns poucos minutos.

O mau tempo e uma manobra infeliz fizeram com que o helicóptero se chocasse com uma montanha. Nenhum sobrevivente. Acabava ali a rápida, mas intensa carreira de Stevie Ray, responsável pela reabilitação do blues nos anos 80 e apontado como o herdeiro musical de Jimi Hendrix, outro a morrer antes do tempo. Dizem que só os bons morrem cedo.

Agora, para celebrar o que seriam os 60 anos de SRV, seu irmão Jimmie Vaughan, que integrou o Fabulous Thunderbirds, prevê a realização de uma exposição de instrumentos e outros itens ligados ao guitarrista, além de homenagens musicais, ao estilo da que organizou cinco anos depois daquele 27 de agosto de 1990. O tributo foi um show ao vivo em Austin, ao qual compareceram, além de Jimmie, Eric Clapton, B. B. King, Buddy Guy, Dr. John, Bonnie Reytt e Robert Cray.

Hendrix - SRV tinha uma ligação espiritual com Hendrix e tocava algumas de suas músicas, não para imitar seu ídolo, mas para lhe render homenagens. De Hendrix ele conservou o estilo agressivo. Se Hendrix gostava de tocar guitarra com os dentes e até queimar o instrumento,Stevie Ray cultivava uma série de outras manias pouco ortodoxas, tais como tocar com a guitarra sobre a cabeça ou nas costas. Chegava a jogar o instrumento no chão e a pisá-lo. Não fosse seu virtuosismo e Stevie Ray seria taxado de exibicionista ou coisa assim. Seja como for, deixou seguidores e um dos mais evidentes é John Mayer, que o clona na forma de tocar e de cantar.

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John Mayer, pequeno clone de Stevie Ray. Foto: Estadão

Malabarismos com a quitarra Foto: Estadão

Drogas - Stevie já havia resvalado a morte várias vezes, vítima do álcool e das drogas. Mas naqueles últimos meses de 1990 ele parecia ter se comprometido com a vida. Estava se tratando e vencendo a dependência química. Fazia sucesso. Seu então recente álbum In Step, de 1989, ganhava reconhecimento e SRV estava feliz com sua banda, a Double Trouble, com Chris Layton na bateria, Tommy Shannon no baixo e, mais tarde,Reese Wynans, nos teclados. Os mais técnicos dizem que SRV tocava blues rock, blues elétrico ou blues texano. Purismos à parte, ele tocava com mãos poderosas nas cordas de grosso calibre de sua velha Fender Stratocaster. Pura força e estilo único, num misto de solo e base conjugados, associados à sua voz rascante. O concerto no célebre El Mocambo, casa de rock e blues em Toronto, Canadá, em 1983, e suas apresentações no festival de jazz de Montreux, em 1982 e 1985, dão uma boa medida de seu talento. Veja vídeos:

//www.youtube.com/embed/tWLw7nozO_U //www.youtube.com/embed/Y_fgTKZZby4

Stevie Ray gravou poucos discos. Estreou em 1983, com o álbum Texas Flood. Em 1984, lançou Couldn't Stand the Weather. Em 1985, Soul to Soul; em 1986, Live Alive, e em 1989, In Step. Em 1990, participou de Family Style, com seu irmão Jimmi Vaughan. Last Farewell, de 1990, mostra sua última excursão pelos Estados Unidos.

Em 1995, o primeiro tributo ao guitarrista. Foto: Estadão

Para os fãs incondicionais de SRV, dois livros são fundamentais: Stevie Ray Vaughan, Day by Day, Night After Night, His Early Years, 1954-1982 Stevie Ray Vaughan, Day by Day, Night After Night, His Final Years, 1983-1990, ambos de Craig Hipkins. O site oficial d SRV pode ser visitado em www.srvofficial.com.

 

 

Muito tempo atrás, em Woodstock

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Certas efemérides são inevitáveis, principalmente aquelas que, de alguma forma, mudam o mundo. O festival de Woodstock foi uma delas. O encontro de cerca de 400 mil jovens com seus ídolos da música completou 45 anos nos últimos dias 15, 16 e 17agosto. Foram três dias de paz, amor e música, segundo os organizadores do grande happening realizado numafazenda de 600 acres de propriedade de Max Yasgur, na cidade de Bethel,no estado de Nova York.

 Foto: Estadão

Em agosto de 1969, três dias de paz e amor.

O álbum Woodstock, lançado em 69/70, com três LPs. Foto: Estadão

Marco do auge da era hippie e da contracultura, Woodstock foi também um caos mais ou menos organizado, com muita chuva, lama e drogas. Duas pessoas morreram, uma por overdose e outra outra atropelada. Ao todo, 32 atrações musicais embalaram os três dias de festa. Nomes com Jimi Hendrix (que fez uma versão em guitarra para o hino americano), Crosby, Stills and Nash, Janis Joplin, Joe Cocker, Santana, John Sebastian e The Who passaram pelo palco principal e foram reproduzidos em um álbum que, na época, continha três LPs. Um documentário, uma especie de versão compacta do festival, foi produzido para o cinema. Dele ficaram de fora gente importante como o Creedence Clearwater Revival e Janis Joplin, que fez uma apresentação com três músicas. Veja Janis no vídeo:

//www.youtube.com/embed/QQ4hBsKxpiE

Hendrix em Woodstock: versão do hino americano. Foto: Estadão

Idealizado por  Michael Lang, John Roberts, Joel Rosenman e Artie Kornfeld, o festival tinha como objetivo obter retorno financeiro. Com ingressos vendidos a US$ 18 e US$ 22, o resultado não foi bem esse. Pouco mais de 180 mil pessoas pagaram para entrar. O restante invadiu a fazenda, derrubando cercas. Se Woodstock deu prejuízo financeiro, o saldo cultural foi positivo, pelo menos como marco de uma época. Apesar das tentativas, nunca mais se fez um festival com o mesmo carisma.

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