As palavras são prisões de idéias que um dia se libertarão. Enquanto permanecem prisioneiras prestam um inestimável serviço através do sacrifício, contribuem para definir realidades e explicar o inexplicável.
Os escritores somos carcereiros que ansiamos pela libertação dos prisioneiros, pois os mantemos presos enquanto a necessidade de definir uma realidade continue em voga.
Assim é que os preconceitos seriam nada mais nem nada menos do que a prolongação da pena de prisão de idéias que já poderiam ter voado longe e, agradecidas, se reciclariam no infinito para novamente nos prestar serviço e se sacrificarem.
As palavras que de tua boca saiam como efeito das idéias que você pensar ou as que você repetir, porque você ouviu e gostou, te tornam responsável por cuidá-las e ampará-las nessa prisão das definições para um dia libertá-las e te libertar junto com elas.
Enquanto prendemos as idéias nas definições, nós também ficamos um pouco presos a elas. Quando as libertamos, nós também nos libertamos.
E os preconceitos? Pensamos que castigamos o mundo com esses, mas somos limitados e presos a esses enquanto os arvoramos.