"Não devemos ter medo de encontrar e utilizar novos símbolos, novas formas de arte, novas linguagens, mesmo aquelas que parecem pouco interessantes a quem evangeliza ou aos curadores, mas que são todavia importantes para as pessoas, porque sabem falar às pessoas." Estas palavras do papa Francisco, estão em A minha ideia de arte (La mia idea di arte), livro que ele acaba de publicar e que foi organizado por Tiziana Lupi e editado por Museus do Vaticano/Mondadori.
Os museus devem acolher as novas formas de arte. Devem escancarar as portas às pessoas de todo o mundo.
"É sempre possível abrir horizontes onde eles parecem não mais existir", diz Francisco em seu livro. "Os museus devem acolher as novas formas de arte. Devem escancarar as portas às pessoas de todo o mundo. Ser um instrumento de diálogo entre as culturas e as religiões, um instrumento de paz. Serem vivos. Não poeirentas recolhas do passado apenas para os 'eleitos' e os 'sábios', mas uma realidade vital que saiba proteger esse passado para o contar aos homens de hoje, a começar pelos mais humildes. A beleza nos une e, como também disse S. João Paulo II, citando Dostoievski, salvar-nos-á."
No livro, para ilustrar o pensamento de Francisco, foram escolhidas 11 obras entre esculturas, pinturas e monumentos. Além de descrevê-las à sua maneira e relatar alguns fatos históricos ligados a elas, o Papa as utiliza para sustentar uma tese. Para ele, apesar de se crer que a arte do passado só representou sujeitos mitológicos, bíblicos, heroicos ou aristocráticos, na realidade existem inúmeras obras onde os "excluídos" da sociedade aparecem em primeiro plano, mesmo quando são "atores secundários".
Até quem não é francófono pode assistir a este documentário, apresentado pelo canal Arte, na França e Alemanha. Ali, vemos um papa moderno, ligado às coisas humanas. E que, como bom jesuíta, faz perdurar o caráter missionário e educacional da Igreja. Além de ser culto, olha com extrema atenção as obras do fantástico museu do Vaticano. O que, talvez, não seja muito comum entre os papas...
Quanto a mim, o que penso da arte contemporânea defendida pelo papa Francisco, originária do país dele que certamente possui excelentes artistas, mas - ao contrário do Brasil - nunca foi muito feliz em artes plásticas? Ora, quando o papa escolhe artistas e publica a sua visão da arte, que é espiritual e ética, me abstenho de julgamentos estéticos.
Até a próxima que agora é hoje, e tenho mais uma razão para dizer que, mesmo se não partilho de seu gosto, Francisco é o meu Papa preferido!