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Uma voz chamada Dandara

A casa, foi tudo culpa da casa. O avô ligava o rádio para ouvir Francisco Alves, o irmão queria saber de Mamonas Assassinas e os pais não abriam mão de Chico Buarque, João Bosco, Elomar e Xangai. Xuxa bem que tentava dar as caras na TV, mas o vinil de Elis Regina não dava chance.

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Por Redação
Atualização:

Julio Maria - O Estado de S.Paulo

A casa, foi tudo culpa da casa. O avô ligava o rádio para ouvir Francisco Alves, o irmão queria saber de Mamonas Assassinas e os pais não abriam mão de Chico Buarque, João Bosco, Elomar e Xangai. Xuxa bem que tentava dar as caras na TV, mas o vinil de Elis Regina não dava chance. E por entre as vozes desse povo todo corria uma menina com um nome daqueles que já vem em forma de música, Dandara. Além de ouvir todo tipo de canção, o dia todo, Dandara via o pai cantar e tocar violão nas festinhas da família. Não deu outra. Aos dez anos, a garota fazia seu primeiro show "adulto" para 800 pessoas cantando Xangai e Vicente Barreto. Aos 20, interpretava Pavana Para uma Terra Viva, canção que o amigo André Lima fez para a letra inédita de Tom Zé, com a qual venceria a segunda edição do Prêmio Musique do Estadão.

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Sua próxima aparição pós-Musique será na sexta, às 20h, no Teatro Ciee (Rua Tabapuã, 445, Itaim Bibi). A entrada é franca mas é preciso se cadastrar no site do teatro antes de chegar à bilheteria (www.ciee.org.br). Além de Pavana, estarão no repertório músicas de uma turma para a qual a cantora faz questão de abrir cortinas: Jessé Santos, de Pernambuco; Pedro Novaes, de Belo Horizonte; Rafael Iasi, de São Paulo. E entre um e outro, espaços para canções de Wilson Batista, João Bosco e Lenine.

Ao falar de sua banda, Dandara dá aos músicos status de parceiros, não de acompanhantes. "Fazemos os arranjos, concebemos tudo sempre juntos." E desfila a lista, em tom de orgulho: Maurício Caruso na guitarra; Bruno Silveira na bateria; João Paulo Deogracias no baixo; e o tecladista André Lima, "padrinho" e companheiro de Musique, que também toca na banda de Mallu Magalhães.

E o dilema de se tornar mais uma cantora num meio em que novas cantoras saem do forno como pizza em noite de sexta? Dandara tem medo de dizer o que vai dizer aqui e soar pedante. Mas diz. "Hoje, com a tecnologia, é possível que uma cantora mediana cante bem. Mas quem tem talento é quem toca as pessoas, quem mexe com as pessoas em algum sentido." Em outras palavras, cantoras não faltam, mas talento não se vê em toda esquina.

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Antes de querer se firmar no palco, sua preocupação parece ser a voz. Dandara estuda seu "instrumento interno" desde os 13 anos. Passou pela Universidade Livre de Música e teve aulas com a mestre Jeane LoVetri. Sua maior emoção em um palco, lembra, foi diante da Orquestra Filarmônica de Jundiaí cantando Beatriz, de Edu Lobo e Chico Buarque, e Pirataria, feita por ela em parceria com a mãe, Ieda Varejão. "Eu não acreditava que tinham feito aquele arranjo todo para minha música." E aí não deu para controlar. No palco, Dandara cantava e chorava ao mesmo tempo.

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