"Percebi o quanto o lago havia recuado devido à baixa do Rio São Francisco. Um cenário triste", diz França.
Em 2017, o Semivelhos permaneceu numa espécie de ano sabático depois de lançarem, em sequência, o disco Semivelhos (2013), o EP Além Mar (2014) - com o qual levaram o título de melhor videoclipe na votação popular do Prêmio Caymmi de Música - e o álbum Antes do Fim (2016).
A cena ficou incubada, germinada agora, com o lançamento do single Vai Chover, que pode ser ouvido em primeira mão aqui no blog. É uma volta poderosa, daquelas que coloca o dedo na ferida da seca no Sertão.
De Juazeiro, também na Bahia, o quarteto vivencia o nível baixo do Rio São Francisco. "Acompanhamos de perto esse período de seca aqui na região", explica. "O homem ainda prevê projetos que, no fim das contas, intensificam os danos, como a transposição do Rio Tocantins para abastecer o São Francisco."
Ele segue: "Isso nos faz pensar em como se destrói para tentar remediar o que foi destruído. Entendem o quanto é grave?"
Vai Chover, a canção, traduz em som a gravidade do que ocorre ali. Guitarras, baixo e bateria martelam, impiedosos, logo no início da música. São como gritos entalados, guardados, soltos agora, para reverberar aquilo que muitos não querem ver.
Por fim, Vai Chover funciona como uma prece, um pedido pela água que vem do céu, inspirado no canto do Bendito de São José.