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Professor Xavier: Dolan encanta Cannes

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Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
Aos 27 anos, o canadense Xavier Dolan é apontado como o favorito ao prêmio de direção em Cannes Foto: Estadão

Suor escorre pelas camisas e pelos rostos dos integrantes da família nada harmônica do ator e diretor teatral Louis (Gaspard Ulliel) em Juste La Fin Du Monde, um dos 21 longas-metragens concorrentes à Palma de Ouro no 69° Festival de Cannes, projetado e muito aplaudido esta noite na Croisette. Todos suam por o clima anda duplamente quente: o sol incide sobre o quintal do clã ao qual o personagem pertence e o entrosamento entre seus parentes anda fora das CNTPs. Por isso, durante 1h37m de uma luz elegante (fruto do ótimo trabalho do fotógrafo André Turpin, o mesmo de Incêndios), tudo o que se vê na tela é conflito, dor, lavação de roupa doméstica. Famoso por Mommy (2014), Dolan conseguiu a adesão da aristocracia francesa: Léa Seydoux (a bondgirl de Spectre), Marion Cotillard (de Macbeth) e Vincent Cassel (Cisne Negro) aparecem em papéis de destaque num drama baseado em peça homônima (e com tom de autobiografia) de Jean-Luc Lagarce (1957-1995), um dos dramaturgos contemporâneos mais encenados do teatro europeu. Sob a pressão do realizador - um jovem de 27 anos, famoso por seu temperamento arrogante e por um talento em erupção -, essa trupe nos leva por uma viagem espinhosa ao universo do ninho doméstico, feito pelo arame farpado do ressentimento. Cassel e Léa têm desempenhos primorosos comos irmãos de Louis: ela é a irmã doce, embora louquinha; ele é o brucutu. Em respeito quase reverente a Lagarce, Dolan se prende um pouco e não gravita em sua faixa habitual de loucura. Mas o requinte impresso a cada quadro e a habilidade sustentar a virulência verbal ao limite pleno da tolerância garantem ao longa-metragem um tônus explosivo. Já se fala em favoritismo para Dolan no quesito melhor diretor. Veremos... O prêmio de melhor atriz é de Sonia Braga e ninguém tasca.

Bastidores de "Juste La Fin Du Monde", na briga pela Palma Foto: Estadão
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