RODRIGO FONSECASaem nesta terça as indicações para o Oscar 2017, com uma torcida já formada em torno de La La Land (o filme do momento), do poema Moonlight e de Manchester à Beira-Mar. Mas tem sempre aquele filme do coração que fica de fora das especulações para o prêmio. Que tal tentarmos uma lista rápida do que merecia estar no páreo.
Sonia Braga, por Aquarius, para Melhor Atriz: Cidadã mais ilustre de Maringá, a paranaense com alma de cravo e canela botou a Europa no bolso ao desfilar pela telona de Cannes à frente deste thriller existencial sobre a especulação predial no Brasil;
Viejo Calavera, de Kiro Russo, para Melhor Filme Estrangeiro: O mais genial longa-metragem boliviano dos últimos 20 anos faz uma discussão sobre o desamparo social a partir de tintas quase sobrenaturais, que dão colorido mórbido ao drama de um jovem confrontado com segredos da morte de seu pai;
Penélope Cruz, por Ma Ma, para Melhor Atriz: Nesta aula de melodrama do diretor de Lúcia e o Sexo (2001), a beldade espanhola alcança uma carga dramática digna de mitos da arte dramática, na pele de uma mulher recém-divorciada às voltas com um câncer;
Ewan McGregor, pela direção de Pastoral Americana: É inexplicável a ausência do ator escocês entre os oscarizáveis de 2017 diante da reflexão política e da contundência crítica de seu primeiro longa como realizador. Ele relê por lentes audiovisuais a literatura de Philip Roth e tira dela o drama de um casal (o próprio Ewan e uma Jennifer Connelly em estado de graça) diante da descoberta do envolvimento de sua filha com a militância armada nos EUA dos anos 1960;
Eddie Murphy, por Mr. Church, para Melhor Ator: O eterno Tira da Pesada desceu do salto e para poder se reinventar pelas vias do drama na saga de um cozinheiro que dedica cerca de duas décadas de sua vida à criação de uma menina loura, órfã de mãe;
Yeon Sang-Ho pela direção de Invasão Zumbi: O filme coreano mais popular da atualidade abriu as portas da narrativa live-action para este animador acostumado a angústias existenciais;
James Schamus, pelo roteiro de Indignação: Roteirista de prestígio e produtor de êxito entre cults e blockbusters, o parceiro nº1 de Ang Lee nas telas merecia uma distinção à altura de seu talento pelo script da adaptação da prosa de Philip Roth às telas;
Paulina García, por Little Men, para melhor atriz coadjuvante: A genial atriz chilena de Glória (2013) rouba a cena deste drama sobre a fidelidade canina entre duas crianças, batizada no Brasil de Melhores Amigos, feita com produção da brasileira RT Features.