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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

O Prometeus pop de Yorgos Lanthimos

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:

Rodrigo FonsecaCoroado por Pedro Almodóvar com o prêmio de melhor roteiro em Cannes e eleito melhor filme no Festival de Sitges, na Catalunha, a tragédia à grega O Sacrifício do Cervo Sagrado chega ao Brasil no dia 8 de fevereiro, de carona na boa repercussão deste exercício de tensão pilotado por Yorgos Lanthimos. Seu exótico filme anterior, O Lagosta (2015), foi esnobado pelos exibidores daqui. Mas este novo trabalho, bastante inflamado, impôs sua presença em cartaz mesmo tendo sido vaiado na Croisette, onde dividiu opiniões com sua contudência ao retratar a atomização das famílias burguesas. No caso, o clã em questão, os Murphy, desmancha-se moral e fisicamente com a aproximação de um adolescente, Martin (Barry Keoghan), com quem o cirurgião Steven Murphy (Colin Farrell, cada vez melhor em cena) parece ter um envolvimento, com ecos de pedofilia. A presença do garoto gera uma estranha paralisia nos filhos de Steven, para o desespero de sua mulher, Anna (Nicole Kidman).

"É difícil definir esta história como um filme sobre sacrifício, embora alguém seja imolado. Prefiro pensar que é uma reflexão sobre justiça e sobre o fardo das escolhas sobre nós", disse ao P de Pop Lanthimos, que carrega The Killing of a Sacred Deer (título original) de cenas violentas, envolvendo crianças.

A alcova dos Murphy (Nicole Kidman e Colin Farrell) em "O Sacrifício do Cervo Sagrado": melhor roteiro em Cannes  Foto: Estadão

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Tudo na rotina dos Murphy parece pautado por aparências e por um desejo patológico até que a incisiva presença de Martin e de sua mãe (vivida pela eterna patricinha de Beverly Hills, Alicia Silverstone) conduzem Steven a atos de brutalidade.

"Durante as filmagens, eu desecrevi essa história para os atores como sendo uma comédia, por seu grau de absurdo. O que me interessa nos filmes é o descontrole", disse Lanthimos.

Baseado em um clima de tensão crescente, o diretor arranca um desempenho irretocável de Nicole. "Acompanhei o sucesso que Yorgos teve com seu primeiro longa, Dogtooth, e fiquei tocada pelo olhar dele", disse Nicole ao P de Pop em Cannes."Ele dirige sem dar muitas instruções, pedindo que a gente faça o mínimo de ações, para expressar emoções, o que é um desafio. Com ele, uma atriz tem espaço para criar".

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