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'O Jovem Karl Marx': a mais-valia do lugar de fala

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Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
August Diehl vive o autor de "O Capital"  Foto: Estadão

Rodrigo FonsecaProtagonista do novo longa-metragem de Terrence Malick (o épico da II Guerra Radegund), o berlinense August Diehl chamou a atenção do cinema mundial em 2009, quando encarou Michael Fassbender e Diane Kruger em Bastardos Inglórios, como um dos nazistas avessos à presença dos Aliados. Mas ali era um papel secundário, sem dar conta de todo o seu potencial dramático, que pode ser conferido agora, no circuito brasileiro, com a estreia de O Jovem Karl Marx. Encarado como um acontecimento ético em sua passagem pelo Festival de Berlim, em fevereiro, a produção representa a consolidação dos dispositivos narrativos do diretor haitiano Raoul Peck para além das fronteiras do cinema documental. Na seara do Real, Eu Não Sou Seu Negro fez dele uma celebridade e uma referência na investigação da exclusão em suas formas mais institucionalizadas. É essa lógica que ele aplica neste narrativa classuda sobre os anos de juventude do autor de O Capital e o início de sua parceria com o rico Friedrich Engels (Stefan Konarske) na depuração do ethos comunista. Ao longo de seu percurso no Tempo, o cineasta vai soltando a mão e se desapegando do ferramental clássico, picotando e clipando a edição. Essa libertação espelha a maturidade intelectual de seu protagonista, defendido com elegância por Diehl. Como o Brasil anda cindido em sua análise sobre o pensamento econômico, há quem ovacione Peck ao fim da projeção e há quem vaie o debate por ele aberto, enxergando algo de PTista, de PSTU... Não se renda ao conservadorismo: estamos diante de um tratado dialético sobre Democracia e sobre lugar de fala, e com direito a Bob Dylan. Imperdível!

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