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Justiça seja feita nesta noite de Globo de Ouro

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Por Rodrigo Fonseca
Atualização:

Leonardo DiCaprio pode ser premiado esta noite por "O Regresso", de Alejandro González Iñárritu, que arrecadou US$ 38 milhões só neste fim de semana nos EUA 

Apesar de a direção da Hollywood Foreign Press Association (HFPA) insistir em escalar o incômodo vivo chamado Ricky Gervais como apresentador dos Golden Globes, a cerimônia desta noite promete surpresas, uma vez que não há ainda "o" favorito entre os potenciais devoradores de prêmios deste temporada pré-Oscar e uma vez que injustiças histórias podem ser corrigidas neste 10 de janeiro esturricado de quente. Não por acaso, a premiação coincide com a estreia expandida no circuito americano de O Regresso (The Revenant), o Dança com Lobos dark do mexicano Alejandro González Iñárritu, que faturou US$ 38 milhões no fim de semana lá nos EUA, para a surpresa dos exibidores e dos críticos que ficaram "incomodadinhos" com a violência deste épico sobre caçadores de pele nos anos 1820. Esse resultado dá mais evidência ao longa que pode, enfim, e merecidamente, dar o Oscar a Leonardo DiCaprio. Aliás, tudo indica que ele saia da festa da HFPA hoje com seu terceiro Globo de Ouro de melhor ator, tendo sido laureado antes por O Aviador, em 2005, e por O Lobo de Wall Street, em 2014.

"Mad Max", o mais cinemático dos concorrentes 

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Outra justiça a ser feita é com o australiano George Miller que pode (e merece) sair de lá com o Globo dourado de melhor diretor por Mad Max: Estrada da Fúria. Raras vezes na História um filme de ação não alcançava tamanho prestígio - notoriedade igual só quando Henri-Georges Clouzotganhou o Grand-Prix (futura Palma de Ouro) em Cannes em 1953. E merecida é a indicação do realizador por aquele que talvez seja o mais cinemático de todas as narrativas concorrentes. Se sua derrota for para Todd Haynes, com seu refinado Carol, ok... O novo longa do cineasta responsável por Velvet Goldmnine (1998) e outras delícias tem vitalidade estética em cada músculo retesado no esforço de dar tonalidade à paixão proibida entre duas mulheres. Mas se Miller perder para Todd McCarthy, pelo engodo Spotlight - Segredos Revelados, vai ser a vitória da mediocridade, da compostura castradora, da letargia. O thriller sobre jornalismo, baseado na denúncia dos escândalos de abuso sexual da Igreja Católica, é uma aula de Moral e Cívica mal lecionada, sustentada apenas no talento de Michael Keaton, que nem indicado ao Globo foi.

"Creed": a mitologia do heroísmo 

Por fim, o mais polêmico dos justiçamentos é a possível consagração de Sylvester Stallone como ator sério na disputa de melhor coadjuvante pelo comovente Creed - Nascido para Lutar, de Ryan Coogler. Enfim, passados 40 anos da estreia de Rocky, um Lutador, Hollywood considera a hipótese de gratidão a um operário que encheu seus cofres de dinheiro por décadas a fio, que reinventou o conceito de heroísmo ao dar alma e corpo ao conceito de "exércitos de um homem só" e que fez carreira como diretor, produtor e roteirista. Há bons supporting actors, vide Idris Elba, em Beasts of No Nation, e Paul Dano como o jovem Brian Wilson de Love & Mercy. Mas nenhum resultado terá o mesmo simbolismo mitológico do que ver Stallone erguer os punhos como o Garanhão Italiano fazia na Filadélfia. Orçado em US$ 35 milhões, Creed já contabilizou de dezembro para cá US$ 118 milhões no mundo afora e um balde de elogios provenientes da atuação do bom e velho Sly e do pulso firme de Coogler para comandar cenas de redenção sem nunca ir ao nocaute da pieguice.

Jennifer Jason Leigh pode (e deve) ser premiada hoje pelo faroeste "Os Oito Odiados", de Quentin Tarantino 

Por fim... para completar o rol dos resultados ideais, Jennifer Jason Leigh merece ser laureada por Os Oito Odiados, filme mais ousado da carreira de Quentin Tarantino. E seu faroeste merecia ainda o Globo de melhor roteiro e melhor trilha sonora, para o mestre Ennio Morricone. Os dados estão lançados. Veremos o que sai esta noite.

p.s.: Amanhã, está previsto o anúncio de mais uma parte dos filmes indicados ao Urso de Ouro no 66º Festival de Berlim (11 a 22 de fevereiro) e estima-se que O Tigre e o Dragão: A Espada do Destino, de Yuen Woo-Ping, estará entre os indicados ou, no mínimo, entre os títulos hors-concours. O Brasil tem chances a vagas com Redemoinho, de José Luiz Villamarim, e Curumim, de Marcos Prado.

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p.s.2: Em fevereiro, a editora New Order manda para as bancas uma compilação das histórias em quadrinhos da série Arquivo X, de carona no lançamento da nova temporada das aventuras de Fox Mulder e Dana Scully no próximo dia 24.

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